Cidade do Vaticano, 20 mai (RV) - "O maior serviço que nós cristãos somos chamados
a oferecer ao mundo de hoje, também ao mundo da política, é o serviço de dar testemunho
de Cristo."
Assim se expressou o Presidente do Pontifício Conselho para os
Leigos, Cardeal Stanislaw Rylko, abrindo na manhã desta quinta-feira os trabalhos
da XXIV Assembléia plenária do organismo vaticano, que tem como tema "Testemunhas
de Cristo na comunidade política". A plenária se concluirá no próximo sábado.
Participam
da Assembléia membros e consultores provenientes dos cinco continentes. Entre as conferências
de hoje, destacamos a do Reitor da Universidade Católica do Sagrado Coração, Prof.
Lorenzo Ornaghi, feita esta manhã; e as do Cardeal Camillo Ruini e do Arcebispo Rino
Fisichlella, feitas na tarde.
"Cristo confia também a nós hoje – como a Paulo
dois mil anos atrás – uma tarefa importante: levar o Evangelho aos areópagos do mundo
pós-moderno, à cultura, à economia, à política." Foi o que disse o Cardeal Rylko,
reiterando a urgência expressa por Bento XVI de uma geração de leigos cristãos engajados
na política.
Trata-se – prosseguiu – de um mandato impossível ao homem sem
a ajuda de Cristo, num contexto de secularismo imperante, de relativismo no qual Deus
é o grande excluído e no qual a fé – como confirma a decisão da Corte Européia sobre
o Crucifixo nas salas de aula – é rigorosamente confinada ao privado.
"O leigo
cristão é um homem de esperança, por isso, diante dos desafios, dos ataques desenfreados,
das perseguições abertas do mundo contemporâneo que se esqueceu do valor da pessoa
humana, do valor do matrimônio e da família, ele não é chamado a uma fuga: deve redescobrir
o seu direito-dever de participar ativamente e responsavelmente da vida política de
seus países, sem complexos de inferioridade."
O Presidente do Pontifício Conselho
para os Leigos evidenciou benefícios e vulnerabilidades do sistema democrático: se
corretamente colocado – frisou – traz enormes vantagens na vida individual e social,
mas as derivas totalitárias, provocadas por agnosticismo e relativismo, são reais:
"Estranha tolerância – comentou – que não tolera vozes que se colocam fora do "pensamento
politicamente correto". Eis a razão pela qual é necessário um renovado engajamento
dos cristãos na vida pública.
E, no entanto – acrescentou o purpurado – também
entre os cristãos hoje se registra um sentimento de desafeição pela política, poluída
pela corrupção, carreirismo e escândalos morais.
Junto a isso, muitas vezes,
diante das urnas, os católicos mostram falta de coerência com a própria fé. Sobre
o tema dessa XXIV Assembléia plenária, eis o que disse o próprio Cardeal Rylko, entrevistado
pela Rádio Vaticano:
Cardeal Stanislaw Rylko:- "Acolhendo o convite
do Santo Padre a trabalharmos na formação evangélica e no acompanhamento pastoral
de uma nova geração de católicos engajados na política, este ano centralizamos a nossa
Assembléia plenária justamente no engajamento dos leigos na vida pública e, em particular,
na comunidade política. Trata-se de um tema de grande atualidade, considerando a decadência
também moral da política e a desafeição geral das pessoas e o ceticismo em relação
aos que administram a coisa pública. Hoje é realmente urgente restituir à política
a alma que lhe é própria, recuperando, por exemplo, o significado do serviço ao bem
comum, reconstruindo uma sensibilidade moral e uma sólida base de valores compartilhados,
promovendo, sobretudo, o conceito de uma laicidade realmente aberta, não hostil a
Deus nem temerosa de fazê-Lo entrar na vida pública." (RL)