Brasília, 14 mai (RV) - Na coletiva de encerramento da 48ª Assembleia Geral
da CNBB, a Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil fez um pronunciamento
oficial sobre abusos sexuais na Igreja. Antes, o Presidente da entidade, Dom Geraldo
Lyrio Rocha, destacou que a Assembleia foi caracterizada por assuntos que dizem “respeito
à vida interna da Igreja”, mas também por temas ligados diretamente à sociedade brasileira,
como exemplo a questão do “trabalho escravo” e a “questão agrária” no Brasil.
Sobre
os abusos sexuais na Igreja, Dom Geraldo disse que a CNBB vai criar uma comissão para
elaborar um vademecum (manual de fundamentação e orientação), cujo objetivo é ser
uma política oficial de ação da Igreja no Brasil sobre acasos de abusos sexuais praticados
por seus membros. O manual deverá indicar as medidas a serem adotadas em casos de
abusos sexuais praticados por membros da Igreja.
“Nós queremos mostrar que,
quando se trata da questão do pecado, a atitude da Igreja deve ser de perdão e de
misericórdia, mas diante do crime praticado é preciso que as penalidades sejam aplicadas.
Sejam as canônicas, jurídicas, como as penalidades civis. A cartilha elaborada pela
CNBB será uma espécie de roteiro que auxiliará os bispos a procederem quando houver
um caso dessa natureza em sua diocese”, disse. “As patologias, por sua vez, devem
passar por um tratamento” - completou Dom Geraldo.
O Presidente da CNBB também
garantiu que os candidatos ao seminário deverão passar por um rigoroso critério de
seleção antes de ingressar na vida religiosa: “Os casos que estão sendo analisados
nos levam a refletir sobre a questão das exigências na admissão dos candidatos ao
sacerdócio e na vigilância ao período formativo”. Ele também disse que a Igreja analisará
cada candidato antes de conceder a ordenação sacerdotal. “Se o candidato apresentar
qualquer desvio de conduta, ele será imediatamente suspenso da ordenação sacerdotal”.
De
acordo com Dom Geraldo, a partir da cartilha, a Igreja estará preparada também para
garantir assistência às vítimas: “As vítimas terão assistência espiritual e psicológica.
Entendemos que os abusos sexuais trazem complicações e consequências gravíssimas”.
Ainda
segundo o Presidente da CNBB, a questão (abusos sexuais na Igreja) foi colocada em
Assembleia para que todos os bispos tivessem consciência das novas posições da Igreja
com relação ao assunto: “A Igreja sempre se preocupou com esse problema, mas agora,
com a cartilha que vamos elaborar, queremos ter mais clareza e precisão quanto aos
passos concretos que devem ser dados em relação às vítimas e suas famílias”.
A
Comissão a ser criada pela CNBB contará com especialistas de várias áreas do conhecimento,
entre elas, do direito canônico, do direito civil e psicólogos. A meta da Conferência
é elaborar o texto no prazo mais curto possível. Alguns elementos para a formação
da equipe e da cartilha, segundo Dom Geraldo, já no pronunciamento da Presidência
entregue á imprensa “Parece-me que quanto ao Projeto Ficha Limpa a CNBB vai permanecer
vigilante e procurar sempre trazer essa reflexão aos meios que ela alcança, mas eu
diria que a agora nós teremos um papel muito importante, tanto da mídia, quanto da
sociedade civil, que precisa se articular. Esperamos que o Projeto Ficha Limpa, no
Senado, tenha o mesmo trâmite que teve na Câmara, e que não haja modificações, para
que possamos vê-lo em atuação ainda nestas eleições” - disse Dom Geraldo a respeito
do Projeto Ficha Limpa.
“Acho ainda que o eleitor é quem precisa ficar vigilante,
pois um senador que coloque dificuldades na aprovação deste projeto, se ele se candidata
novamente, será que ele vai ter o apoio do eleitor? Alguém que se coloca contra o
Projeto Ficha Limpa, será que não está confessando que tem a Ficha Suja?” - indagou
o presidente da CNBB.
Para Dom Geraldo, esta é uma questão que coloca em reflexão
os próprios senadores. “Para mim, quem coloca empecilhos para a aprovação do Projeto
Ficha Limpa é porque tem a Ficha Suja!” - destacou.
O Secretário-geral, Dom
Dimas Lara Barbosa, mostrou otimismo quanto à aprovação do projeto no Senado: “Houve
gente que dizia que era mais fácil ‘boi voar que o projeto ser aprovado na Câmara’.
Após a derrubada dos 11 destaques e a aprovação pela Câmara, o comentário é que já
estão vendo ‘boi voando’” - disse Dom Dimas, arrancando risos dos jornalistas.
Dom
Geraldo Lyrio Rocha falou também sobre o 16º Congresso Eucarístico Nacional, que começou
ontem e segue até o dia 16, em Brasília (DF):
“A Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB) está em espírito de grande expectativa e muita alegria. Vão chegando
às notícias das delegações, das caravanas que chegam a Brasília de tantas partes do
nosso país, e cada bispo que recebe a notícia da chegada das caravanas de sua região,
se rejubilam com essa boa notícia. Temos certeza que com a organização, o ânimo da
cidade pela manifestação de empenho extraordinário da própria arquidiocese de Brasília,
o Congresso Eucarístico Nacional será um grande momento, não só para o Distrito Federal,
mas para todo o Brasil”. (CM-CNBB)