Bento XVI concluiu o13 de Maio em Fátima encontrando-se com os Bispos de Portugal
(Ant. Pinheiro)
Na sua qualidade de presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga
fez uma saudação a Bento XVI, entregando depois uma oferta dos bispos portugueses:
um conjunto de 20 aguarelas do pintor Avelino Leite, representando os mistérios do
Rosário. Saudando o Papa, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge
Ortiga, denunciou a existência de uma campanha que quer situar a Igreja Católica “no
mundo dos retrógrados” e admitiu que as referências cristãs no país “começam a liquefazer-se”.
O prelado sublinhou que “a par do progresso e modernidade”, o país é atravessado por
“factores de perturbação”, como o “ateísmo”, “atropelos à vida e à instituição familiar”,
“desnorte no plano ético” e “miséria social”.
Neste contexto, os bispos querem
dar “prioridade à fé como encontro com o Ressuscitado” e “caminhar para um novo estilo
de vida, marcado pelo compromisso e pela paixão” ao país, que necessita de “uma urgente
reevangelização”. Num período em que os bispos de Portugal têm estado a repensar a
acção da Igreja, o prelado pediu a Bento XVI “palavras orientadoras”, assegurando
que elas vão ser aplicadas nas dioceses.
No seu discurso o Papa apelou a “verdadeiras
testemunhas de Jesus Cristo, sobretudo nos meios humanos onde o silêncio da fé é mais
amplo e profundo”. Nesse sentido, Bento XVI chamou os leigos a assumirem responsabilidade,
em especial perante “políticos, intelectuais, profissionais da comunicação que professam
e promovem uma proposta monocultural, com menosprezo pela dimensão religiosa e contemplativa
da vida”. “Em tais âmbitos, não faltam crentes envergonhados que dão as mãos ao secularismo,
construtor de barreiras à inspiração cristã”, lamentou.
O Papa pediu aos Bispos
que deixem sempre um “estímulo e palavra esclarecedora” a todos os que “defendem com
coragem um pensamento católico vigoroso e fiel ao Magistério”. A este respeito, destacou
a necessidade de manter viva “a dimensão profética sem mordaças no cenário do mundo
actual”. “No sentir de muitos, a fé católica deixa de ser património comum da sociedade
e, frequentemente, vê-se como uma semente insidiada e ofuscada por «divindades» e
senhores deste mundo”, alertou.
Bento XVI considera que, para superar esta
situação, não bastam discursos ou “apelos morais”, mas gestos concretos. Pediu aos
Bispos de Portugal que estejam atentos aos padres e aos novos movimentos da Igreja,
como pastores que promovem a comunhão entre todos. Bento XVI confessou a sua “agradável
surpresa” no contacto com os movimentos e novas comunidades eclesiais, mas deixou
claro que “é preciso que estas novas realidades queiram viver na Igreja comum, embora
com espaços de algum modo reservados para a sua vida”. “Observando-os, tive a alegria
e a graça de ver como num momento de fadiga da Igreja, num momento em que se falava
do «Inverno da Igreja», o Espírito Santo criava uma nova Primavera”, disse ainda.
Bento
XVI agradeceu também a “determinação” com que os Bispos de Portugal o acompanham num
momento em que “o Papa precisa de abrir-se ao mistério da Cruz, abraçando-a como única
esperança”.
O discurso papal retomou algumas das ideias lançadas durante o
encontro prévio, com organizações sociais, deixando votos de que os responsáveis pelas
Dioceses do nosso país consigam revigorar “sentimentos de misericórdia e compaixão
capazes de corresponder às situações de graves carências sociais”.
De Fátima,
para a Rádio Vaticano, António Pinheiro