Fatima, 13 mai (RV) - Bento XVI entrou esta manhã na esplanada do recinto do
Santuário de Fátima às 9h50 minutos, saudado pelos muitos peregrinos que acenavam
bandeiras e lenços.
Quatro minutos depois chegou à Capelinha as Aparições
onde se paramentou para presidir à celebração do 13 de Maio.
O Santuário
calculou a presença em Fátima de cerca de 500 mil peregrinos.
Depois de se
paramentar na Capelinha das Aparições para integrar a procissão, dois bebés foram
erguidos à janela do papamóvel e foram beijadas pelo Papa.
No início
da Missa, concelebrada por quatro cardeais, 77 bispos e 1442 padres D. António Marto,
que foi aluno do cardeal Joseph Ratzinger, fez uma saudação ao Papa, recebendo dele
um cálice, como lembrança desta viagem.
D. António Marto, lembrou a ligação
entre a “oração e os sacrifícios” dos pastorinhos, a quem a Mãe de Jesus se revelou
em 1917, e os “sofrimentos” dos Papas.
Na saudação que dirigiu a Bento
XVI o prelado expressou “a profunda comunhão e o sincero afecto de todo o povo católico
português” pela pessoa do Papa e agradeceu, “de todo o coração”, a sua visita.
O bispo de Leiria-Fátima, agradeceu a oferta da “Rosa de Ouro” ao Santuário,
que interpretou como sinal do “particular afecto” do Papa.
Na Missa
deste 13 de Maio Bento XVI utilizou o mesmo cálice de ouro usado por João Paulo
II na sua primeira peregrinação ao Santuário, a 13 de Maio de 1982.
O
cálice, de ouro, esmalte, pedras preciosas e pérolas, oferecido ao Santuário de Fátima,
em 1967, pelos doentes de Portugal a propósito da celebração do cinquentenário das
Aparições de Fátima.
A pixide da celebração foi criada para esta
ocasião pelo Santuário de Cristo Rei, de Almada,para sublinhar a sua estreita ligação
entre os dois santuários, trouxe ao altar da Cova da Iria uma píxide para a liturgia
eucarística.
Na homilia, Bento XVI disse ter vindo a Fátima para rezar,
com Maria e tantos peregrinos, pela nossa humanidade acabrunhada por misérias e sofrimentos”.
Bento XVI disse trazer no coração “quantos vivem atribulados ou abandonados,
no desejo de comunicar-lhes aquela esperança grande que arde no meu coração e que,
em Fátima, se faz encontrar mais sensivelmente”.
O Papa aludiu também
ao contexto histórico em que se deram as Aparições, no ano de 1917, em plena I Guerra
Mundial, “com a família humana pronta a sacrificar os seus laços mais sagrados no
altar de mesquinhos egoísmos de nação, raça, ideologia, grupo, indivíduo”.Nos ritos
finais da missa, Bento XVI saudou e benzeu os doentes, junto à Colunata Norte, deixando-lhes
uma palavra de “ânimo e esperança.”
A esperança – disse - pode levar
a “sair das areias movediças da doença e da morte”.
“As fontes da força divina
jorram precisamente no meio da fragilidade humana”, assegurou.
Bento XVI tratou
os doentes por “tu”, afirmando: “Tens para Deus «um valor tão grande que Ele mesmo
se fez homem para poder padecer como o homem»”.
“Queridos doentes,
acolhei este chamamento de Jesus que vai passar junto de vós no Santíssimo Sacramento
e confiai-Lhe todas as contrariedades e penas que enfrentais”, referiu.
Já
a saudar os peregrinos de outros países, o Papa falou em Fátima como “um suplemento
de esperança” e um “sinal indelével” do “amor materno” de Maria.
Por
último, Bento XVI falou aos peregrinos dos países lusófonos: “Dando-nos Jesus, Maria
é a verdadeira fonte da esperança”.
À entrada da Basílica, para onde se dirigiu
depois da procissão do adeus, o Papa cumprimentou o Presidente da República, Cavaco
Silva. No interior do edifício, visitou o túmulo dos três pastorinhos, Jacinta, Francisco
e Lúcia, numa cerimónia reservada em que foi acompanhado pelo Bispo de Leiria-Fátima
e pelo reitor do Santuário, Pe. Virgílio Antunes.
Em papamóvel regressou
à Casa de Nossa Senhora do Carmo, onde almoça com os bispos de Portugal e com o séquito
papal.
Esta tarde, mais uma vez de papamóvel, dirige-se para a Igreja da Santíssima
Trindade, onde, às 17.00, preside ao encontro com os membros das organizações da Pastoral
Social.
O Bispo Auxiliar de Lisboa e Presidente da Comissão Episcopal
da Pastoral Social, D. Carlos Azevedo, que é também o Coordenador-geral da Organização
da Visita de Bento XVI, abre o encontro com uma saudação ao Papa, a que se segue a
celebração da Palavra.
As preces serão feitas por Isabel Jonet, Presidente
do Banco Alimentar Contra a Fome.
Após a homilia, Bento XVI faz a bênção da
primeira pedra da «Unidade de Cuidados Continuados Bento XVI» que a União das Misericórdias
Portuguesas irá construir em Fátima.
O edifício, que terá a maqueta
exposta no encontro com Bento XVI, fica localizado junto ao Centro de Deficientes
Profundos João Paulo II, cuja primeira pedra foi benzida pelo anterior Papa.
Antes
de saída da Igreja da Santíssima Trindade, Bento XVI cumprimentará 15 figuras ligadas
às organizações da Pastoral Social.
Nessa comitiva estará incluída
a ministra da Saúde, Ana Jorge, o Presidente da Cáritas, Eugénio da Fonseca, o Presidente
da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), Pe. Lino Maia,
e o Presidente da União das Misericórdias, Manuel Lemos.
De novo na
Casa de Nossa Senhora do Carmo, inicia-se às 18h45 o último ponto da agenda oficial
do dia: o encontro com os Bispos de Portugal.
Na sua qualidade de presidente
da Conferência Episcopal Portuguesa, uma das duas entidades que convidou o Papa a
visitar Portugal (a outra é o Presidente da República), D. Jorge Ortiga faz uma saudação
a Bento XVI, entregando depois uma oferta dos bispos portugueses: um conjunto de 20
aguarelas do pintor Avelino Leite.