2010-05-13 20:39:58

BENTO XVI À PASTORAL SOCIAL: SEGUIR O ESTILO DO BOM SAMARITANO


Fátima, 13 mai (RV) - No final desta tarde, Bento XVI deixou a Casa "Nossa Senhora do Carmo" – casa para exercícios espirituais que faz parte do complexo do Santuário (onde se encontra hospedado nestes dias de sua permanência em Fátima) – transferindo-se para a Igreja da Santíssima Trindade (também esta, dentro do complexo do Santuário de Nossa Senhora de Fátima), para o esperado encontro com as organizações da Pastoral Social.

Estiveram presentes no encontro as maiores organizações nacionais portuguesas, católicas e não-católicas, engajadas na assistência social, além dos funcionários e colaboradores do Santuário.

Ao término da celebração da Palavra, o Santo Padre abençoou a pedra fundamental do centro das Misericórdias Portuguesas, que será construído em Fátima.

Calorosamente acolhido pelos presentes, o Pontífice recebeu a saudação do Bispo auxiliar de Lisboa, Dom Carlos Azevedo, Presidente da Comissão Episcopal para a Pastoral Social.

Em seu discurso, o Papa recordou aos presentes a recomendação de Jesus a fazermos nosso o estilo do bom samaritano. E qual é este estilo? – perguntou:
«É “um coração que vê”. Este coração vê onde há necessidade de amor e atua em consequência» (Bento XVI, Enc. Deus caritas est, 31). Assim fez o bom samaritano.

O amor incondicionado de Jesus que nos curou há de converter-se em amor entregue gratuita e generosamente, através da justiça e da caridade, para vivermos com um coração de bom samaritano - frisou.

Dito isso, Bento XVI expressou a sua grande alegria de encontrar-se ali com os presentes "neste lugar bendito que Deus escolheu para recordar à humanidade, através de Nossa Senhora, os seus desígnios de amor misericordioso":

"Saúdo com grande amizade cada pessoa aqui presente e as entidades a que pertencem, na diversidade de rostos unidos na reflexão das questões sociais e, sobretudo, na prática da compaixão, voltada para os pobres, os doentes, os presos, os sós e desamparados, as pessoas com deficiência, as crianças e os idosos, os migrantes, os desempregados e os sujeitos a carências que lhes perturbam a dignidade de pessoas livres."

Queridos irmãos e irmãs que operais no vasto mundo da caridade, «Cristo ensina-nos que “Deus é amor” (1 Jo 4, 8) e simultaneamente ensina-nos que a lei fundamental da perfeição humana e, consequentemente, também da transformação do mundo é o novo mandamento do amor.

Prosseguindo, o Santo Padre aludiu à situação de crise sócio-econômica que estamos vivendo, chamando em causa, diante disso, a mensagem social da Igreja:

"O cenário atual da história é de crise sócio-econômica, cultural e espiritual, pondo em evidência a oportunidade de um discernimento orientado pela proposta criativa da mensagem social da Igreja. O estudo da sua doutrina social, que assume como principal força e princípio a caridade, permitirá marcar um processo de desenvolvimento humano integral que adquira profundidade de coração e alcance maior humanização da sociedade (cf. Bento XVI, Enc. Caritas in veritate, 20)."

O Pontífice fez votos de que as instituições da Igreja, unidas a todas as organizações não eclesiais, melhorem as suas capacidades de conhecimento e orientações para uma nova e grandiosa dinâmica que conduza para «aquela civilização do amor, cuja semente Deus colocou em todo o povo e cultura» (Ibid., 33).

Unidos a Cristo na sua consagração ao Pai – observou – somos tomados pela sua compaixão pelas multidões que pedem justiça e solidariedade e, como o bom samaritano da parábola, esforçamo-nos por dar respostas concretas e generosas.

Os pedidos numerosos e prementes de ajuda e amparo que nos dirigem os pobres e marginalizados da sociedade – acrescentou – impelem-nos a buscar soluções que estejam na lógica da eficácia, do efeito visível e da publicidade.

"E todavia – ponderou – a referida síntese é absolutamente necessária para poderdes, amados irmãos, servir Cristo na humanidade que vos espera. Neste mundo dividido, impõe-se a todos uma profunda e autêntica unidade de coração, de espírito e de ação.

Em seguida, o Papa destacou a identidade das instituições sociais católicas:

"No meio de tantas instituições sociais que servem o bem comum, próximas de populações carentes, contam-se as da Igreja Católica. Importa que seja clara a sua orientação de modo a assumirem uma identidade bem patente: na inspiração dos seus objetivos, na escolha dos seus recursos humanos, nos métodos de atuação, na qualidade dos seus serviços, na gestão séria e eficaz dos meios. A firmeza da identidade das instituições é um serviço real, com grandes vantagens para os que dele beneficiam."

As vossas atividades assistenciais, educativas ou caritativas sejam completadas com projetos de liberdade que promovam o ser humano, na busca da fraternidade universal – exortou.

Aqui se situa o urgente compromisso dos cristãos na defesa dos direitos humanos, preocupados com a totalidade da pessoa humana nas suas diversas dimensões.

O Santo Padre falou ainda sobre a necessidade da defesa da vida – desde a sua concepção – e da família – fundada no matrimônio indissolúvel de um homem com uma mulher – e sobre a importância da reconciliação e cuidados oferecidos às pessoas feridas pelo drama do aborto.

Por fim, o Santo Padre afirmou que "tudo isto bem se enquadra na mensagem de Nossa Senhora que ressoa neste lugar: a penitência, a oração, o perdão que visa a conversão dos corações. Esta é a estrada para se construir a referida civilização do amor, cujas sementes Deus lançou no coração de todo o homem e que a fé em Cristo Salvador faz germinar".

O encontro concluiu-se com a apresentação individual de representantes de organizações engajadas na Pastoral Social. (RL)







All the contents on this site are copyrighted ©.