BENTO XVI À PASTORAL SOCIAL: SEGUIR O ESTILO DO BOM SAMARITANO
Fátima, 13 mai (RV) - No final desta tarde, Bento XVI deixou a Casa "Nossa
Senhora do Carmo" – casa para exercícios espirituais que faz parte do complexo do
Santuário (onde se encontra hospedado nestes dias de sua permanência em Fátima) –
transferindo-se para a Igreja da Santíssima Trindade (também esta, dentro do complexo
do Santuário de Nossa Senhora de Fátima), para o esperado encontro com as organizações
da Pastoral Social.
Estiveram presentes no encontro as maiores organizações
nacionais portuguesas, católicas e não-católicas, engajadas na assistência social,
além dos funcionários e colaboradores do Santuário.
Ao término da celebração
da Palavra, o Santo Padre abençoou a pedra fundamental do centro das Misericórdias
Portuguesas, que será construído em Fátima.
Calorosamente acolhido pelos presentes,
o Pontífice recebeu a saudação do Bispo auxiliar de Lisboa, Dom Carlos Azevedo, Presidente
da Comissão Episcopal para a Pastoral Social.
Em seu discurso, o Papa recordou
aos presentes a recomendação de Jesus a fazermos nosso o estilo do bom samaritano.
E qual é este estilo? – perguntou: «É “um coração que vê”. Este coração vê onde
há necessidade de amor e atua em consequência» (Bento XVI, Enc. Deus caritas est,
31). Assim fez o bom samaritano.
O amor incondicionado de Jesus que nos curou
há de converter-se em amor entregue gratuita e generosamente, através da justiça e
da caridade, para vivermos com um coração de bom samaritano - frisou.
Dito
isso, Bento XVI expressou a sua grande alegria de encontrar-se ali com os presentes
"neste lugar bendito que Deus escolheu para recordar à humanidade, através de Nossa
Senhora, os seus desígnios de amor misericordioso":
"Saúdo com grande amizade
cada pessoa aqui presente e as entidades a que pertencem, na diversidade de rostos
unidos na reflexão das questões sociais e, sobretudo, na prática da compaixão, voltada
para os pobres, os doentes, os presos, os sós e desamparados, as pessoas com deficiência,
as crianças e os idosos, os migrantes, os desempregados e os sujeitos a carências
que lhes perturbam a dignidade de pessoas livres."
Queridos irmãos e irmãs
que operais no vasto mundo da caridade, «Cristo ensina-nos que “Deus é amor” (1 Jo
4, 8) e simultaneamente ensina-nos que a lei fundamental da perfeição humana e, consequentemente,
também da transformação do mundo é o novo mandamento do amor.
Prosseguindo,
o Santo Padre aludiu à situação de crise sócio-econômica que estamos vivendo, chamando
em causa, diante disso, a mensagem social da Igreja:
"O cenário atual da história
é de crise sócio-econômica, cultural e espiritual, pondo em evidência a oportunidade
de um discernimento orientado pela proposta criativa da mensagem social da Igreja.
O estudo da sua doutrina social, que assume como principal força e princípio a caridade,
permitirá marcar um processo de desenvolvimento humano integral que adquira profundidade
de coração e alcance maior humanização da sociedade (cf. Bento XVI, Enc. Caritas
in veritate, 20)."
O Pontífice fez votos de que as instituições da Igreja,
unidas a todas as organizações não eclesiais, melhorem as suas capacidades de conhecimento
e orientações para uma nova e grandiosa dinâmica que conduza para «aquela civilização
do amor, cuja semente Deus colocou em todo o povo e cultura» (Ibid., 33).
Unidos
a Cristo na sua consagração ao Pai – observou – somos tomados pela sua compaixão pelas
multidões que pedem justiça e solidariedade e, como o bom samaritano da parábola,
esforçamo-nos por dar respostas concretas e generosas.
Os pedidos numerosos
e prementes de ajuda e amparo que nos dirigem os pobres e marginalizados da sociedade
– acrescentou – impelem-nos a buscar soluções que estejam na lógica da eficácia, do
efeito visível e da publicidade.
"E todavia – ponderou – a referida síntese
é absolutamente necessária para poderdes, amados irmãos, servir Cristo na humanidade
que vos espera. Neste mundo dividido, impõe-se a todos uma profunda e autêntica unidade
de coração, de espírito e de ação.
Em seguida, o Papa destacou a identidade
das instituições sociais católicas:
"No meio de tantas instituições sociais
que servem o bem comum, próximas de populações carentes, contam-se as da Igreja Católica.
Importa que seja clara a sua orientação de modo a assumirem uma identidade bem patente:
na inspiração dos seus objetivos, na escolha dos seus recursos humanos, nos métodos
de atuação, na qualidade dos seus serviços, na gestão séria e eficaz dos meios. A
firmeza da identidade das instituições é um serviço real, com grandes vantagens para
os que dele beneficiam."
As vossas atividades assistenciais, educativas ou
caritativas sejam completadas com projetos de liberdade que promovam o ser humano,
na busca da fraternidade universal – exortou.
Aqui se situa o urgente compromisso
dos cristãos na defesa dos direitos humanos, preocupados com a totalidade da pessoa
humana nas suas diversas dimensões.
O Santo Padre falou ainda sobre a necessidade
da defesa da vida – desde a sua concepção – e da família – fundada no matrimônio indissolúvel
de um homem com uma mulher – e sobre a importância da reconciliação e cuidados oferecidos
às pessoas feridas pelo drama do aborto.
Por fim, o Santo Padre afirmou que
"tudo isto bem se enquadra na mensagem de Nossa Senhora que ressoa neste lugar: a
penitência, a oração, o perdão que visa a conversão dos corações. Esta é a estrada
para se construir a referida civilização do amor, cujas sementes Deus lançou no coração
de todo o homem e que a fé em Cristo Salvador faz germinar".
O encontro concluiu-se
com a apresentação individual de representantes de organizações engajadas na Pastoral
Social. (RL)