São Paulo, 12 mai (RV) - Em nome da Arquidiocese de São Paulo, lamento e manifesto
minha preocupação por mais uma chacina, ocorrida na zona norte da cidade na madrugada
desta terça-feira, dia 11 de maio, e que ceifou brutalmente a vida de seis moradores
de rua. Manifesto o meu repúdio mais veemente a este ato de violência contra a dignidade
da pessoa e sua vida.
Este ato criminoso soma-se a tantos outros semelhantes,
ocorridos recentemente em São Paulo e em outras cidades do Brasil. Infelizmente, a
falta de esclarecimento de uma ação criminosa pode contribuir para o surgimento de
outra semelhantes, por deixar no ar certa presunção de impunidade. Confio na ação
pronta e eficaz das Autoridades competentes para que esta nova chacina seja esclarecida,
os culpados prestem contas à justiça e sejam punidos no rigor da lei.
A ocasião
é oportuna para uma reflexão sobre a situação de fragilidade e de risco a que estão
expostas as pessoas que usam as ruas da cidade como moradia. Além de toda a precariedade
de sua condição em relação à alimentação, saúde, moradia e segurança, os moradores
de rua também vivem numa situação de grave vulnerabilidade social, expostas ao assédio
do mundo das drogas e do crime organizado.
São necessárias, pois, políticas
públicas específicas e eficazes, voltadas para esta parcela da população de São Paulo.
Como pode nossa cidade conviver distraidamente com um problema social tão grave?!
Não é questão que possa ser resolvida apenas mediante ações da Segurança Pública,
ou da Assistência Social; ela demanda igualmente a gestão do trabalho, da moradia,
da saúde e da educação.
Faço minha a dor dos familiares e parentes das vítimas
e rogo a Deus pelo seu conforto. Faço também votos que ações preventivas de Segurança
Pública, bem como uma metodologia eficaz de integração social dos moradores de rua
possam contribuir para que não se repitam no futuro ações de criminalidade, que envergonham
nossa sociedade e colocam de joelhos até mesmo o Estado diante da lógica da violência,
incapaz de assegurar a proteção da pessoa e a aplicação da justiça.
Santo Antônio
de Santana Galvão, que viveu nesta cidade, amou-a e serviu aos pobres e desassistidos,
interceda por nossa cidade e seja para todos os seus habitantes exemplo e estímulo
na construção de um convívio social solidário e pacífico.
Card. Dom Odilo Pedro
Scherer Arcebispo de São Paulo