Uberaba, 12 mai (RV) - Nós varões todos – penso estar falando pela maioria
– temos dentro de nós o perfil da mulher perfeita. É a mulher dos sonhos, que encaixa
no quadro de uma vida cheia de ideais e de grandes realizações. Tem características
de um arquétipo motivador. Mesmo quando elas criticam os homens, elas são benéficas.
Pois nos põem para frente. Sua presença benfazeja não acontece somente no âmbito
familiar, mas também na pastoral, na literatura, na busca da santidade de vida, e
na educação. Entretanto, tal sonho, umas tantas vezes se esboroa diante da dura realidade
concreta do cotidiano, que não se afina ao esperado.
A mãe de Jesus, no entanto,
foi a mulher que correspondeu em plenitude à expectativa da raça humana. Maria é a
"bendita entre todas as mulheres" (Lc 1, 42), mãe que mostrou coragem, por "ficar
de pé junto à cruz" (Lc 21, 36) e ser bendita "porque acreditou" (Lc 1, 45).
Quero
mostrar duas razões que comprovam a sublimidade dessa filha de Israel, que foi aquinhoada
por Deus com favores, não concedidos a mais ninguém neste mundo. A primeira é de ordem
biológica. A maioria dos seres vivos é proveniente da confluência do espermatozóide
(masculino), e do óvulo (feminino) da fusão dessas duas células, cada uma com sua
carga genética específica, nasce um novo ser, parecido, mas diferente de seus genitores.
Jesus, porém, "foi concebido pelo poder do Espírito Santo" (Lc 1, 35), e não teve
concurso masculino.
Na sua natureza humana, Jesus foi inteiramente, engendrado
pela carga genética de Maria. Por isso Ele deverá ter sido extremamente parecido com
Maria, e herdado o seu jeito, e suas características. A segunda razão de sua importância
excepcional é de ordem exemplar. Você já observou que, contrariamente a toda a humanidade,
Jesus nunca pagou tributo à guerra de gêneros? Jamais de seus lábios saiu qualquer
ensinamento desairoso contra as mulheres.
Suas parábolas nunca trataram as
filhas de Deus com desdém. Mas nos seus ensinamentos elas são apresentadas de maneira
simpática, e até grandiosa. Nem no trato com as pessoas, Jesus foi grosseiro para
com qualquer mulher. De onde viria isso? É de sua experiência familiar, onde Ele viu
na sua mãe uma mulher extremamente querida, mas ao mesmo tempo objetiva, trabalhadeira,
firme e aberta para a vida em Deus. Foi uma transferência psicológica, que facilitou
a Jesus alçar para uma grande dignidade todas as mulheres da terra.
Dom Aloísio
Roque Oppermann scj – Arcebispo de Uberaba, MG.