"O segredo de Fátima mantém toda a sua seriedade perante a história" (editorial do
P. Lombardi)
Foi à viagem do Santo Padre a Portugal que o nosso director, padre Frederico Lombardi,
dedicou esta semana o seu editorial “Octava dies”.
João
Paulo II quis que o “terceiro segredo” de Fátima fosse revelado por ocasião da beatificação
dos dois pastorinhos, Francisco e Jacinta, durante o Jubileu do Ano 2000, na passagem
do segundo ao terceiro milénio. Concluía-se um século caracterizado por grandes tormentos,
precisamente sobre os quais as visões de Fátima davam uma leitura espiritual ao mesmo
tempo dramática e luminosa: tempo de guerras e de martírio, em que a Igreja e o próprio
Papa participavam profundamente nos sofrimentos e na sede de salvação da humanidade
inteira.
A crianças simples, numa localidade insignificante
– como é característico dos grandes acontecimentos marianos – tinha sido confiada
uma mensagem que, na sua simplicidade, continha uma força espiritual capaz de ultrapassar
fronteiras e de ser transmitida através das mais graves perturbações da história da
humanidade.
Agora, revelado o “segredo” porque se completaram
os factos, que nos poderá dizer ainda a mensagem de Fátima? A concluir o seu comentário
à publicação do texto do “segredo”, observava o então cardeal Ratzinger: “Acção de
Deus, Senhor da história, e corresponsabilidade do homem, na sua dramática e fecunda
liberdade, são os dois pilares sobre os quais se constrói a história da humanidade.
A Virgem Maria que apareceu em Fátima recorda-nos estes valores esquecidos, este futuro
do homem em Deujs, de que somos parte activa e responsável”.
Precisamos
de olhos límpidos e inocentes para ler o caminho do novo milénio e compreender onde
se encontram os seus riscos e as suas mais autênticas esperanças. A mensagem de Fátima
mantém toda a sua seriedade perante a história.