Cidade do Vaticano, 09 mai (RV) - Na Liturgia deste domingo, o texto do Evangelho
segundo João (14,23-29) nos coloca na expectativa da vinda do Espírito Paráclito (advogado);
nos faz refletir sobre o amor; e nos lança no desafio da paz. Some-se a isso, a importância
da Igreja, unida ao Espírito, nas decisões universais da fé.
É no Espírito
Santo que podemos entender o mistério de Jesus em si mesmo, na sua vida, nos seus
ensinamentos e na sua paixão, morte e ressurreição. O Espírito nos foi enviado para
nos recordar tudo o que Jesus nos disse e, ainda, fazer-nos enxergar o mesmo Cristo
como única verdade que conduz ao Pai. O Espírito nos impulsiona ao amor, ressuscita-nos
e nos faz enamorados de Deus; torna-nos, ainda, capazes de fixar os olhos em Deus
e, por causa dele, na direção da humanidade.
O Espírito nos revela o sentido
legítimo do amor, quando nos faz entender o mistério da cruz de Cristo. Em Jesus,
o amor se define como OBLATIVIDADE, porque é entrega total de si, tendo como objetivo
exclusivo a salvação do outro. Nesta forma de amar, encontramos o sentido da paz desejada
por Jesus para os seus discípulos.
A linguagem do amor nos faz entender melhor
a verdade. Momentos de crise podem ser superados, quando agimos em função da verdade
em si e do bem do outro, tendo como modelo Jesus Cristo, referência e condição absolutas.
A crise estabelecida em Antioquia (At 15,1-2.22-29) foi resolvida por ação do Espírito
Santo, que fez com que a Igreja enxergasse a verdade a partir de Cristo e não da Lei.
Também
hoje, diante de tantos desafios, como a indiferença religiosa de muitos, o ateísmo
de outros, o crescente “mercado” da fé, isto é, do uso da Palavra de Deus para fins
lucrativos, o que chamamos de capitalismo religioso; além dos escândalos de modo geral
e dos ataques à Igreja, faz-se necessário colocarmos em prática nossa realidade cristã,
à semelhança de Jesus Cristo, que sempre foi todo para o Pai e todo para nós. Em Jesus
a experiência do amor estava presa à verdade de sua Pessoa. É dessa forma que precisamos
falar ao mundo. Precisamos, antes de tudo, ser convictos do que ensinamos, para que
a verdade, o amor e a fé transpareçam naturalmente e atinjam os corações.
Devemos
assumir aquilo que Cristo fez de nós: somos o novo Israel, o novo Povo de Deus. Fomos
inseridos em Cristo, Cordeiro imolado e ressuscitado. Com ele, morremos e ressuscitamos
no batismo. E, como nos quer sugerir a segunda leitura de hoje, se referindo a Ez
40-48 (Ap 21,10-14.22-23), em Cristo encontramos a perfeição.
Por meio do Cordeiro,
Deus se revela de modo acessível e manifesta sua glória à sua Igreja, representada
pela Jerusalém celeste, que tem como realidade central o Cordeiro, nosso Verdadeiro
Templo e Lâmpada que nos concede a glória. E merecemos essa glória quando vivemos
segundo o Cordeiro de Deus, mediante uma vida de obediência à vontade Deus e uma profunda
dedicação ao próximo.
Que o Espírito Santo nos impulsione à Nova Realidade:
viver segundo o Filho de Deus, a fim de que, uma vez estabelecido o Reino de verdade
e paz, amor e justiça, possamos gozar da eternidade, isto é, da comunhão eterna com
Deus. Amém.