Roma, 07 mai (RV) - A Corte Suprema de Cassação da Itália (máxima instância
judicial do país) absolveu definitivamente, nesta quinta-feira, oito pessoas – entre
elas um sacerdote – acusadas de abusos sexuais contra cerca de 20 menores, na região
de Brescia, norte da Itália.
O caso veio à tona em 2003 e abalou a opinião
pública local. Segundo a Procuradoria, os supostos violadores – que trabalhavam num
jardim de infância – teriam abusado sistematicamente das crianças, utilizando-as também
para a produção de material pornográfico. Duas professoras, que estavam entre os investigados,
ficaram detidas por quase um ano.
O episódio, que passou a ser denominado
pela imprensa como o "Kinder Garden dos horrores", teve grande repercussão na Itália,
pelo fato de os abusos terem supostamente ocorrido na escola de uma cidade que se
autodefine "a capital pedagógica da Itália", assim como de tais acusações terem sido
totalmente desmentidas em 2007, perante o Tribunal de Segunda Instância de Brescia,
decisão esta que foi agora ratificada.
Segundo a acusação, 12 pessoas – oito
das quais foram processadas – teriam cometido uma série de graves violações contra
os alunos do centro educacional. Entre os envolvidos estariam professores e orientadores
da entidade. O nome de um sacerdote, Pe. Mario Neva, também foi citado no caso, já
que ele defendia os investigados e chegou, inclusive, a organizar manifestações de
apoio às professoras que estavam detidas.
Em abril de 2007, o tribunal
de Brescia reconheceu que as acusações eram infundadas, uma vez que se baseavam apenas
em declarações das crianças, declarações estas claramente extorquidas por pessoas
que já nutriam certo preconceito em relação aos envolvidos, e utilizando interrogatórios
e metodologias inapropriados, num contexto de forte emotividade
Na sentença
do tribunal de Brescia, agora confirmada, os magistrados afirmam que "os abusos não
existiram" e que as "declarações extravagantes" de duas crianças e "o mecanismo de
sugestão" desencadeado, levaram a "uma série de gravíssimas acusações", que foram
desmentidas por meio de investigações. (AF)