Cidade do Vaticano, 1° mai (RV) - “Por meio do seu trabalho o ser humano se
une e serve os seus irmãos, pode exercitar uma caridade autêntica e colaborar no acabamento
da criação divina” (Concílio Vaticano II, GS 67,2).
Ao celebrar o Dia do Trabalhador
e da Trabalhadora, a CNBB reafirma seu compromisso de colaborar na construção de uma
sociedade politicamente democrática, economicamente justa, ecologicamente sustentável
e culturalmente plural. Afirmam os bispos na Conferência de Aparecida: “Com sua voz,
a Igreja unida à de outras instituições nacionais e mundiais, tem ajudado a dar orientações
prudentes e a promover a justiça, os direitos humanos e a reconciliação dos povos”
(Documento de Aparecida, 98).
A Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2010
denunciou os desvios decorrentes de um modelo econômico voltado para o lucro e para
o acúmulo de bens, sem considerar o valor da pessoa humana e sem estar a serviço do
bem comum. Entre os desvios encontra-se a prioridade do capital sobre a pessoa humana
e, em decorrência disso, do trabalho.
No Brasil e em outros países, o mundo
do trabalho continua dividido em categorias: a dos integrados, em número reduzido,
com bons salários e vínculo aos círculos mundiais da produção; os semi-integrados,
trabalhadores em situação de risco, aqueles que trabalham precariamente e de forma
intermitente; e os excluídos, trabalhadores que estão fora da sociedade salarial ou
dos vínculos de proteção dos direitos sociais, os desempregados, sub-empregados. Há
que se lembrar também dos aposentados e aposentadas, nem sempre reconhecidos pelo
bem que fizeram e ainda podem fazer pelo País, e convivendo, tantas vezes, com graves
perdas salariais. O direito de todos ao trabalho e a inclusão universal na rede de
proteção social tornam-se objetivos obrigatórios para todos os que buscam construir
uma sociedade justa e solidária.
Em sua saudação neste 1º de maio, a CNBB faz
ressoar as aspirações dos trabalhadores e trabalhadoras pelo reconhecimento de seus
direitos, e expressa seu apoio em favor da consolidação e ampliação dos direitos trabalhistas
em nosso país. Entre esses direitos, destacamos, sobretudo, o combate ao trabalho
escravo pela aprovação da PEC 438/0; a reforma agrária e o limite da propriedade da
terra; o incentivo à agricultura familiar e camponesa nos contornos de cada bioma
brasileiro; a diminuição da jornada de trabalho sem redução de salários; a ampliação
dos fundos solidários e a construção do marco da economia solidária; a implementação
de uma política de emprego para a juventude; a correção das perdas nas aposentadorias
e a indexação justa de seus benefícios; a universalização da proteção social previdenciária
para todo o mundo do trabalho, de sorte que o Brasil possa incluir totalmente a força
de trabalho no seguro social.
A CNBB convida todos os trabalhadores e trabalhadoras,
que participam da obra criadora de Deus pela dignidade de seu trabalho, a manterem
viva a fé em Jesus Cristo, na busca de relações justas e solidárias no mundo do trabalho
e no conjunto da sociedade brasileira.
Que Nossa Senhora Aparecida e São José
Operário acompanhem todas as pessoas que, pelo seu trabalho, constroem condições dignas
para sua família, buscam o bem comum e protegem a vida em nosso Planeta.
Brasília,
01 de maio de 2010
Dom Geraldo Lyrio Rocha Arcebispo de Mariana Presidente
da CNBB
Dom Luiz Soares Vieira Arcebispo de Manaus Vice-Presidente
da CNBB
Dom Dimas Lara Barbosa Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro Secretário
Geral da CNBB