2010-04-30 12:30:02

TENSÃO NO SUDÃO PODE DEGENERAR EM GENOCÍDIO


Cartum, 30 abr (RV) - O Bispo Eduardo Hiiboro Kussala, de Tombura-Yambio, sul do Sudão, lança um alerta: “A tensão verificada após as eleições provocou uma onda de violência generalizada que pode se transformar num verdadeiro genocídio”.

Em entrevista concedida à associação humanitária Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), o Bispo revelou que a tensão se acentuou bastante após as denúncias de fraudes nas últimas eleições – as primeiras pluripartidárias dos últimos 25 anos no país. Todo o processo eleitoral ocorreu em meio a suspeitas de irregularidades e intimidações aos cidadãos. Um dos caminhões que transportava cédulas eleitorais foi incendiado.

Do pleito, realizado entre 11 e 15 de abril, saiu vitorioso o partido do presidente em exercício, Omar al Bashir, o National Congress Party, e o Sudan People's Liberation Movement (SPLM).

Para o Bispo, os resultados das eleições podem desencadear sérias violências, pois “há uma animosidade já radicada no coração de muita gente, de diversos grupos étnicos no sul do país; o que pode conduzir a nada menos que um genocídio”.

A situação é ainda agravada por uma série de questões pendentes, como controvérsias em relação a territórios nas fronteiras norte e sul do país e a disputa pelo controle da região de Abyei, rica em petróleo.

Para Dom Hiiboro, se a crise política não for administrada de maneira construtiva, a possibilidade de que toda nação precipite no abismo constitui um cenário verossímil:

“A morte em vão de cidadãos sudaneses será devida à incapacidade dos líderes políticos de criar um melhor processo para a resolução dos conflitos. Promover as disparidades a ponto de levar a nação ao colapso e exasperar as diferenças tribais e religiosas apenas para chegar ao poder, mantendo-o a qualquer custo, não pode ser considerada uma política salutar. Nenhum povo ou nação merece esse tipo de política tóxica” – declarou à AIS.
(CM)







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