Cartum, 30 abr (RV) - O Bispo Eduardo Hiiboro Kussala, de Tombura-Yambio, sul
do Sudão, lança um alerta: “A tensão verificada após as eleições provocou uma onda
de violência generalizada que pode se transformar num verdadeiro genocídio”.
Em
entrevista concedida à associação humanitária Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), o Bispo
revelou que a tensão se acentuou bastante após as denúncias de fraudes nas últimas
eleições – as primeiras pluripartidárias dos últimos 25 anos no país. Todo o processo
eleitoral ocorreu em meio a suspeitas de irregularidades e intimidações aos cidadãos.
Um dos caminhões que transportava cédulas eleitorais foi incendiado.
Do pleito,
realizado entre 11 e 15 de abril, saiu vitorioso o partido do presidente em exercício,
Omar al Bashir, o National Congress Party, e o Sudan People's Liberation Movement
(SPLM).
Para o Bispo, os resultados das eleições podem desencadear sérias violências,
pois “há uma animosidade já radicada no coração de muita gente, de diversos grupos
étnicos no sul do país; o que pode conduzir a nada menos que um genocídio”.
A
situação é ainda agravada por uma série de questões pendentes, como controvérsias
em relação a territórios nas fronteiras norte e sul do país e a disputa pelo controle
da região de Abyei, rica em petróleo.
Para Dom Hiiboro, se a crise política
não for administrada de maneira construtiva, a possibilidade de que toda nação precipite
no abismo constitui um cenário verossímil:
“A morte em vão de cidadãos sudaneses
será devida à incapacidade dos líderes políticos de criar um melhor processo para
a resolução dos conflitos. Promover as disparidades a ponto de levar a nação ao colapso
e exasperar as diferenças tribais e religiosas apenas para chegar ao poder, mantendo-o
a qualquer custo, não pode ser considerada uma política salutar. Nenhum povo ou nação
merece esse tipo de política tóxica” – declarou à AIS. (CM)