Reconhecer os direitos dos emigrantes e proporcionar-lhes uma vida digna em todos
os aspectos. É o pedido do Papa a todos os paises
(29/4/2010) Bento XVI quer que os países dêem aos migrantes a “esperança de verem
reconhecidos os seus direitos” e lhes proporcionem “uma vida digna em todos os aspectos”. As
palavras do Papa foram lidas Terça-feira, na abertura do oitavo congresso europeu
sobre as migrações que decorre até Sábado na cidade espanhola de Málaga, organizado
pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa. O encontro, dedicado
ao tema “A Europa e as pessoas em movimento. Superar os medos. Traçar perspectivas”,
conta com a presença de cerca de cem participantes, entre bispos, directores, agentes
de pastoral e responsáveis da sociedade civil e do mundo político. O presidente
do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes, D. Antonio Maria Vegliò, insistiu
na necessidade de prosseguir os esforços de conceder a “adequada atenção pastoral
a todos os que sofrem as consequências de ter abandonado a sua pátria ou que se sentem
sem uma terra de referência”. Por seu lado, o Cardeal Josip Bòzanic, arcebispo
de Zagabria, apelou a que a “lógica da caridade” presida às medidas sobre os migrantes,
que “devem ser aceites como pessoas e não serem tratados como objectos, ferramentas
ou escravos”. Na manhã de Quarta-feira, D. Antonio Vegliò condenou a política defensiva
das fronteiras na Europa e classificou de inaceitável “a trilogia ‘imigração, criminalidade
e terrorismo e insegurança’”, que conduz ao nascimento de “continentes blindados”,
onde os migrantes são e serão cada vez mais “um exército de invisíveis” prontos a
serem chantageados e explorados. Calcula-se que nos 27 estados da União Europeia
vivam 24 milhões de imigrantes, a maior parte proveniente de países da União, enquanto
que os imigrantes irregulares serão entre quatro milhões e meio e oito milhões. No
entender do presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes, os estranhos
são vistos como “uma ameaça à cultura e à identidade, à ordem e à segurança”, bem
como ao mercado de trabalho. De acordo com o cardeal, quer transmitir-se a ideia
de que os migrantes são os causadores da instabilidade para “criar na opinião pública
a imagem de um Estado vigilante e preocupado com a segurança dos seus cidadãos, alimentando
o medo do outro”. “Na actual situação de crise do Estado-Nação” - prosseguiu D.
Antonio Vegliò - pretende-se oferecer segurança “sem valorizar suficientemente o facto
de a sociedade europeia se ter tornado efectivamente multicultural, multiétnica e
multirreligiosa”. A Igreja, concluiu o responsável, “continuará a acolher com fraternidade
os migrantes provenientes de Igrejas irmãs”.