2010-04-29 20:04:20

PAPA: UM CONSAGRADO CRÍTICO MUSICAL: "LODATE DIO CON ARTE"


Cidade do Vaticano, 29 abr (RV) - Bento XVI transformou-se num consagrado crítico musical com seu livro "Lodate Dio con arte", que compila seus discursos e outros escritos sobre arte e, especialmente, sobre música.

O conteúdo do livro, que reúne textos do Papa Ratzinger tanto da época em que era cardeal como de seu pontificado, foi antecipado ao jornal italiano "La Stampa". Na obra, o pontífice analisa, entre outras obras, a Nona Sinfonia de Beethoven, sobre a qual diz: "A Nona (...) suscita sempre em mim, uma renovada surpresa."

"Após anos de autoisolamento e de vida retirada, nos quais Beethoven tinha que combater dificuldades internas e externas que ameaçavam sufocar sua criatividade artística, o compositor – já totalmente surdo – surpreendeu o público em 1824" – diz Bento XVI no livro.

Trata-se de uma composição – assegura o papa – que "rompe a forma tradicional da sinfonia e que, com a colaboração da orquestra, do coro e dos solistas, se eleva a um extraordinário final de otimismo e de alegria". "O que levou a isso?" – pergunta o papa. E responde: "Para ouvidos atentos, a própria música deixa intuir algo que está na base desta explosão de júbilo."

"O arrasador sentimento de alegria transformado aqui em música – prossegue o Papa Ratzinger – não é nada rápido nem superficial: é um sentimento conquistado com esforço, superando o vazio interno que a surdez dá e que o levou ao isolamento."

"A solidão silenciosa, no entanto, tinha mostrado a Beethoven – prossegue o papa – um novo modo de escutar, que ia além da simples capacidade de experimentar na imaginação o som das notas que se leem ou se escrevem."

Bento XVI comenta que "quando o Coro e a Orquestra da Rádio Bávara, por ocasião da queda do Muro de Berlim, em 1989, sob a regência do maestro Leonard Bernstein, modificaram o texto da sinfonia "Hino à Alegria" para "Liberdade: bela faísca de Deus", expressaram melhor a emoção do momento histórico: a verdadeira alegria está naquela liberdade que, em última instância, só Deus pode nos dar".

"Ele quer que estejamos atentos à sua presença silenciosa não só no céu, mas também no íntimo de nós mesmos. É aí – onde arde a centelha do amor divino – que Ele pode nos abrir ao que somos realmente" – conclui o papa, sobre a obra de Beethoven, antes de se lançar na apreciação de outros compositores como, por exemplo, Schubert. (AF)







All the contents on this site are copyrighted ©.