Brasília, 28 abr (RV) - Os índios Kayapó, da aldeia Piaraçu, divulgaram um
comunicado no qual reafirmam que resistirão à construção da hidrelétrica de Belo Monte
no Rio Xingu, no Pará. O comunicado, publicado no site do Conselho Indigenista Missionário,
CIMI, responde às declarações do presidente Lula, que classificou a atuação dos indígenas,
ambientalistas, movimentos sociais e Ministério Público Federal como “insana”.
A
decisão do Governo Federal de prosseguir com o projeto d a Usina e a realização do
leilão para a escolha do consórcio que a deve construir, no último dia 20, acentuaram
a indignação dos povos indígenas habitantes da área. Na última sexta-feira (23.04),
os Kayapó paralisaram o tráfego da balsa que corta do Rio Xingu, na BR-080.
No
comunicado, assinado pelo cacique Megaron Txucarramãe, os índios asseguram que enquanto
o Presidente insistir em construir a barragem de Belo Monte, “nós vamos continuar
aqui”.
O povo da Aldeia Piaraçu acusa a FUNAI, Fundação Nacional do Índio,
de não tratar assuntos indígenas, não demarcar suas terras e não fiscalizá-las.
Em
declarações à Agência Adital, o coordenador do Programa Xingu, André Villas Boas,
do Instituto Socioambiental (ISA), diz que a reação dos indígenas é legítima, pois,
ao sentir-se ameaçado, cada povo reage a sua maneira e em função de suas tradições
culturais. “No caso dos Kayapó, a resposta traz o estilo guerreiro da etnia”.
Para
o coordenador do ISA, “Lula tenta transferir responsabilidades ao dizer que ambientalistas
devem apresentar projetos alternativos à Belo Monte para a geração de energia do país.
O governo deve produzir informações e apresentá-las para que a sociedade possa opinar”.
André Villas Boas defende que o Brasil não pode ser dependente de uma única matriz
energética e apenas das hidrelétricas, causadoras de graves prejuízos socioambientais.
(CM)