Papa aceita renúncia do bispo de Brugges. Novo arcebispo de Bruxelas assegura o empenho
da Igreja em pôr de lado "a solução do silêncio e da ocultação"
Bento XVI aceitou a renúncia do Bispo Roger Vangheluwe, da Diocese de Bruges, na Bélgica.
A Santa Sé anunciou nesta sexta-feira a decisão, justificada com o cânone 401 § 2,
do Código de Direito Canónico, o qual convida os Bispos a renunciar em caso de doença
ou outra “causa grave. Foram entretanto as declarações do próprio D. Roger Vangheluwe
e do Arcebispo de Bruxelas, D. André-Mutien Léonard.
O agora bispo emérito
de Bruges confessou ter abusado durante vários anos de um “jovem”. “Quando era simples
padre, e por algum tempo depois de ser ordenado bispo, abusei sexualmente de um jovem”,
referiu D. Roger Vangheluwe, nomeado bispo em 1985, ano em que assumiu a diocese de
Bruges. Hoje com 73 anos, o prelado admite que a vítima “continua marcada” pelo que
aconteceu e apresenta as suas desculpas ao jovem, à família, “a toda a comunidade
católica e à sociedade em geral”.
Em conferência de imprensa, o Arcebispo
André-Mutien Leonard admitiu que esta é “uma situação particularmente grave”, defendendo
que a demissão de D. Roger Vangheluwe era “indispensável”. A Igreja Católica na Bélgica,
acrescenta, manifesta uma vontade de “transparência” que quer aplicar nesta matéria,
virando a página sobre um tempo em que “se preferia a solução do silêncio ou do ocultação”. O
arcebispo de Bruxelas reconhece “a crise de confiança” que este caso suscitará em
pois. “Este acontecimento será muito dolorosamente sentido pela comunidade católica
belga, tanto mais que D. Vangheluwe era visto como bispo generoso e dinâmico, muito
apreciado na sua diocese e na Igreja da Bélgica”. Espera-se, contudo, que prevaleça
a sabedoria, o bom senso, não desacreditando os bispos e padres belgas no seu conjunto,
pois – garante – a grande maioria deles conduz fielmente uma vida conforme à sua vocação”.