DOM MIGLIORE: RESPEITAR A CULTURA DOS POVOS INDÍGENAS
Nova Iorque, 21 abr (RV) - "A devastadora crise financeira afetou duramente
também os povos indígenas. Considerando este cenário, a Santa Sé ampliou seus projetos
em favor do melhoramento das condições de vida das populações indígenas": foi o que
disse, ontem, em Nova Iorque, o Observador Permanente da Santa Sé na ONU, Dom Celestino
Migliore, em seu discurso por ocasião da 9ª Sessão do Fórum Permanente da ONU sobre
Questões Indígenas.
"Não obstante a crise econômica e as dificuldades em alguns
setores é encorajador constatar que depois da adoção da Declaração dos Direitos dos
Povos Indígenas foram dados passos positivos sobre questões relativas a estas populações"
– frisou Dom Migliore, recordando que vários esforços foram realizados em favor da
preservação da cultura e do patrimônio dos povos indígenas.
Segundo o prelado,
integrando cultura e desenvolvimento é possível esperar resultados eficazes. A Santa
Sé chama a atenção para a dimensão da identidade cultural e considera fundamental
a visão global do desenvolvimento que visa o bem-estar do ser humano e sua comunidade.
Segundo
Dom Migliore, o objetivo do desenvolvimento está ligado à luta contra a pobreza e
em prol de estilos de vida sustentáveis. "A visão tradicional indígena de desenvolvimento
visa o progresso humano em sua integridade e considera como sagrado a Terra e o meio
ambiente" – disse ainda o prelado.
Além da dimensão econômica o desenvolvimento
deve considerar os elementos sociais, culturais e espirituais. "Devem ser respeitados
o desejo de viver em forte simbiose com a natureza e a profunda consciência religiosa
dos povos indígenas. Apoiar a cultura dos povos indígenas não significa voltar ao
passado, mas ir adiante conservando valores e princípios" – ressaltou ainda Dom Migliore.
Segundo
o arcebispo, diante da modernização, da industrialização e da urbanização, torna-se
necessário promover a compreensão e o respeito pela cultura dos povos indígenas.
"Neste
sentido a Santa Sé promove centros de estudos de línguas indígenas, muitas vezes em
risco de extinção, e está engajada na promoção do desenvolvimento cultural em favor
do enriquecimento humano e espiritual das populações indígenas" – concluiu Dom Migliore.
(MJ)