São Paulo, 19 abr (RV) - A Comissão Pastoral da Terra apresentou, nos dias
passados, em São Paulo, o relatório "Conflitos no Campo Brasil 2009".
Em sua
25ª edição, o relatório não tem nada de comemorativo, pois apresenta crescimento tanto
do número de conflitos envolvendo camponeses e trabalhadores do campo, quanto da violência
em relação ao ano anterior de 2008.
O número total de conflitos soma 1184,
contra 1.170, em 2008, com aumento considerável em relação especificamente aos conflitos
por terra, 854 em 2009, 751 em 2008.
Quanto à violência, o número de assassinatos
recuou de 28, em 2008, para 25, em 2009. Outros indicadores, porém, cresceram, alguns
exponencialmente. As tentativas de assassinato passaram de 44, em 2008, para 62, em
2009; as ameaças de morte, de 90, foram para 143; o número de presos aumentou de 168,
para 204. Mas o que mais choca é o número de pessoas torturadas: 6, em 2008, 71, em
2009. O número de famílias expulsas cresceu de 1.841, para 1.884, e significativo
foi o aumento do número de famílias despejadas de 9.077, para 12.388, 36,5%. Também
se elevou o número de casas e de roças destruídas, 163%, 233% respectivamente. Em
2009, registrou-se 9.031 famílias ameaçadas pela ação de pistoleiros, contra 6.963,
em 2008, mais 29,7%.
A violência, porém, não fez os movimentos do campo recuarem.
Aumentou o número de ocupações de terra, 290 em 2009, 252 em 2008. Em relação ao número
de acampamentos, estes diminuíram de 40, em 2008, para 36, em 2009, mas cresceu o
número de pessoas nos acampamentos: passou de 2.755 em 2008, (media de 68 famílias)
para 4.176, em 2009, (média de 116 famílias por acampamento).
O incremento
de conflitos e de violência inseriu-se num contexto nacional preocupante de crescente
criminalização dos movimentos sociais tanto no âmbito do Poder Judiciário, quanto
do Poder Legislativo, amplificada inúmeras vezes pelos grandes meios de comunicação
social.
No âmbito do poder legislativo, além da CPMI que tenta incriminar os
movimentos sociais do Campo, em 2009, foram apresentados mais de vinte (20) projetos
de lei e propostas de fiscalização que, direta ou indiretamente, criminalizam os movimentos
agrários ou visam impedir avanços na política agrária. (BF)