MANDANTE DO ASSASSINATO DE IR. DOROTHY É CONDENADO
Belém, 13 abr (RV) - A Justiça do Estado do Pará condenou a 30 anos de prisão,
em regime fechado, o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, conhecido como Bida, acusado
de ser um dos mandantes do assassinato da missionária americana Dorothy Mae Stang.
Ela foi morta com seis tiros em fevereiro de 2005, na localidade de Anapu, no sudoeste
paraense, área de intensos conflitos agrários.
A sentença foi de 29 anos por
homicídio duplamente qualificado, com agravante de 1 ano pelo fato de a vítima ser
idosa e por ter sido morta sem direito à defesa. O juiz não levou em consideração
o fato de Bida ser réu primário, porque o crime foi encomendado. O fazendeiro poderá
recorrer da sentença, mas não em liberdade.
A decisão, que saiu na noite de
ontem, foi comemorada por entidades ligadas aos direitos humanos e pela Congregação
à qual Stang pertencia. "A justiça foi feita" – comentou Rebecca Spires, missionária
que trabalhou com Dorothy Stang. Já a coordenadora do Comitê Dorothy Stang, Virgínia
Moraes Cunha, espera que o resultado do julgamento sirva de exemplo para os outros
envolvidos no caso.
Em 2007, Bida foi condenado a 30 anos de prisão. Um novo
julgamento, em 2008, inocentou o fazendeiro. O Ministério Público entrou com um recurso
e a Justiça paraense anulou a absolvição do fazendeiro e determinou nova prisão. Em
abril de 2009, a defesa de Bida entrou com um pedido de habeas-corpus ao Supremo Tribunal
de Justiça (STJ) e conseguiu uma liminar que o manteve em liberdade até o julgamento
do mérito. A sessão de ontem deveria ter ocorrido no dia 31 de março, mas foi adiada
porque o advogado do réu não compareceu na data prevista.
Dorothy Stang trabalhava
com pequenos agricultores pelo direito à terra e contra a exploração de grandes fazendeiros
da região. (BF)