O mundo de hoje precisa da salvação do Evangelho - lembrou Bento XVI na Mensagem "Urbi
et Orbi" 2010, elencando uma série de situações críticas a carecer de profunda alteração
(4/4/2010) “Uma Páscoa feliz com Cristo Ressuscitado.”
Os votos
de Santa Páscoa 2010, expressos por Bento XVI na nossa língua, no final da solene
celebração eucarística, na Praça de São Pedro, e após a Mensagem dirigida a todo o
mundo da varanda central da basílica.
“A Páscoa é a verdadeira salvação da
humanidade!” “A Ressurreição de Cristo é uma nova criação… um acontecimento que modificou
a orientação profunda da história, deslocando-a definitivamente para o lado do bem,
da vida, do perdão. Estamos livres, estamos salvos. Por isso exultamos do mais íntimo
do coração: ‘Cantemos ao Senhor, verdadeiramente glorioso!”
Palavras da solene
mensagem do Papa “Urbi et Orbi”, à Cidade de Roma e ao mundo, nesta Páscoa 2010, partindo
da antífona litúrgica que ecoa o antiquíssimo hino de louvor dos judeus após a travessia
do Mar Vermelho.
“Sim, irmãos, a Páscoa é a verdadeira salvação da humanidade!
Se Cristo – o Cordeiro de Deus – não tivesse derramado o seu Sangue por nós, não teríamos
qualquer esperança, o destino nosso e do mundo inteiro seria inevitavelmente a morte.
Mas a Páscoa inverteu a tendência: a Ressurreição de Cristo é uma nova criação, como
um enxerto que pode regenerar toda a planta. É um acontecimento que modificou a orientação
profunda da história, fazendo-a pender de uma vez por todas para o lado do bem, da
vida, do perdão. Estamos livres, estamos salvos!”
“Saído das águas do baptismo
(prosseguiu o Papa), o povo cristão é enviado a todo o mundo a testemunhar esta salvação,
a levar a todos o fruto da Páscoa, que consiste numa vida nova, libertada do pecado
e restituída à sua beleza originária, à sua bondade e verdade”.
“A Igreja
é o povo do êxodo, porque vive constantemente o mistério pascal e difunde a sua força
renovadora em cada tempo e lugar. Também nos nossos dias a humanidade tem necessidade
de um êxodo, não de ajustamentos superficiais, mas de uma conversão espiritual
e moral”.
A humanidade – insistiu o Papa - “tem necessidade da salvação do
Evangelho, para sair da crise que é profunda e como tal exige profundas mudanças,
a partir das consciências”. E a partir daqui, na sua Mensagem pascal “Urbi et Orbi”,
Bento XVI lançou o olhar sobre variadas situações do mundo, que bem carecem da “salvação
do Evangelho”, formulando-as como intenções de oração. A começar pelo Médio Oriente.
“Ao
Senhor Jesus peço que no Médio Oriente e de modo particular na Terra santificada pela
sua morte e ressurreição, os Povos realizem um verdadeiro e definitivo «êxodo» da
guerra e da violência para a paz e a concórdia. Às comunidades cristãs que conhecem
provações e sofrimentos, especialmente no Iraque, repita o Ressuscitado a frase cheia
de consolação e encorajamento que dirigiu aos Apóstolos no Cenáculo: «A paz esteja
convosco!» (Jo 20,21)”.
Do Médio Oriente, o Santo Padre dirigiu o olhar à
América Latina, sem esquecer o Haiti e o Chile…
“Para os países da América
Latina e do Caribe que experimentam uma perigosa recrudescência de crimes ligados
ao narcotráfico, a Páscoa de Cristo conceda a vitória da convivência pacífica e do
respeito pelo bem comum. A dilecta população do Haiti, devastado pela enorme
tragédia do terramoto, realize o seu «êxodo» do luto e do desânimo para uma nova esperança,
com o apoio da solidariedade internacional. Os amados cidadãos chilenos, prostrados
por outra grave catástrofe mas sustentados pela fé, enfrentem com tenacidade a obra
de reconstrução.”
Neste elenco de situações do mundo, que clamam pela salvação
que vem do Senhor ressuscitado, o Papa referiu depois a África, e as regiões a braços
com o terrorismo e a perseguição religiosa:
“Na força de Jesus ressuscitado,
ponha-se fim em África aos conflitos que continuam a provocar destruição e sofrimentos
e chegue-se àquela paz e reconciliação que são garantias de desenvolvimento. De
modo particular confio ao Senhor o futuro da República Democrática do Congo, da Guiné
e da Nigéria.” O Ressuscitado ampare os cristãos que, pela sua fé, sofrem a perseguição
e até a morte, como no Paquistão. Aos países assolados pelo terrorismo e pelas
discriminações sociais ou religiosas, conceda Ele a força de começar percursos de
diálogo e serena convivência.”
Não ficou esquecida a crise económico social
que abala o mundo e as variadas formas de uma difusa “cultura de morte”.
“Aos
responsáveis de todas as Nações, a Páscoa de Cristo traga luz e força para que a actividade
económica e financeira seja finalmente orientada segundo critérios de verdade, justiça
e ajuda fraterna. A força salvífica da ressurreição de Cristo invada a humanidade
inteira, para que esta supere as múltiplas e trágicas expressões de uma «cultura de
morte» que tende a difundir-se, para edificar um futuro de amor e verdade no qual
toda a vida humana seja respeitada e acolhida.”
Bento XVI concluiu a Mensagem
“Urbi et Orbi” recordando que “a Páscoa não efectua qualquer magia”. Mesmo após a
Ressurreição, a Igreja encontra sempre a história com as suas alegrias e as suas esperanças,
os seus sofrimentos e as suas angústias”. Mas “esta história mudou, está marcada por
uma aliança nova e eterna, está realmente aberta ao futuro”. “Salvos na esperança,
prosseguimos a nossa peregrinação, levando no coração o cântico antigo e sempre novo:
«Cantemos ao Senhor: é verdadeiramente glorioso!» (texto integral em documentos
do Vaticano)