PAPA: "O AMOR É A ÚNICA FORÇA CAPAZ DE MUDAR O MUNDO"
Cidade do Vaticano, 03 abr (RV) - Cercado por 50 mil velas e peregrinos de
todos os continentes, Bento XVI presidiu ontem à noite à Via-Sacra no Coliseu. Transmitido
ao vivo por canais de TV de todo o mundo, o rito começou no interior do teatro e continuou
pela frente do Arco de Trajano, encerrando-se na colina do Palatino.
O texto-base
para as meditações deste ano foi escrito pelo Cardeal Camillo Ruini, vigário emérito
do Papa para a Diocese de Roma, e foi centrado nas traições sofridas por Jesus antes
de sua morte.
A cruz foi carregada nas catorze estações por: cardeal Agostino
Vallini, atual Vigário do Papa para Roma (a primeira e a última), dois fiéis haitianos,
dois iraquianos, uma da República Democrática do Congo, uma do Vietnã, dois franciscanos
da Custódia da Terra Santa, dois voluntários que trabalham com enfermos, um enfermo
em cadeira de rodas e uma família da Diocese de Roma.
Assim como nos anos
passados, Bento XVI presidiu a Via-Sacra de joelhos da colina do Palatino, em frente
ao Coliseu. Na última estação, a décima-quarta, o Cardeal Agostino Vallini lhe entregou
a cruz e o Pontífice proferiu um breve discurso, comentando as reflexões do percurso.
“Da traição pode nascer a amizade; da negação, o perdão; do ódio, o amor”
- disse o Bispo de Roma. Bento XVI convidou os cristãos a viverem “todo dia o amor”,
ressaltando que esta “é a única força capaz de mudar o mundo”.
O Pontífice
também disse que a Cruz é o símbolo do ‘novo’, do amor sem limites de Deus, e que
a ressurreição de Cristo representa a alvorada da luz que permite ver de maneira diferente
a vida, as dificuldades e os sofrimentos.
Bento XVI frisou que “nossos fracassos,
nossas decepções, as nossas amarguras, que parecem marcar o fim de tudo, são iluminadas
de esperança”:
“A Sexta-Feira Santa é o dia da maior esperança, a amadurecida
na Cruz” - explicou o Papa, acrescentando que “ao entregar sua existência, doada nas
mãos do Pai, Ele sabe que sua morte se converte em fonte de vida”.
Bento XVI
concluiu seu pronunciamento com a oração: “Concedei-nos, Senhor, carregar com amor
nossa cruz, nossas cruzes cotidianas, na certeza de que elas estão iluminadas com
o fulgor da vossa Páscoa. Amém”.
A Via-Sacra no Coliseu, que lembra o sofrimento
de Cristo antes da crucificação, começou a ser celebrada em 1741 por ordem do Papa
Bento XIV. Após dezenas de anos de esquecimento, em 1925 voltou a ser percorrida e
em 1964 o Papa Paulo VI iniciou o hábito de presidi-la. (CM)