2010-04-01 17:46:52

Bispos portugueses saem em defesa dos seus padres: D. António Marto condena «crimes hediondos», mas pede confiança, D. Manuel Clemente condena «generalizações» indevidas, D. José Policarpo apela a um “ministério da alegria” na sociedade contemporânea


(1/4/2010) Vários Bispos portugueses saíram hoje em defesa dos seus padres, condenando o clima de desconfiança que se vive por causa dos recentes escândalos de pedofilia envolvendo membros do clero católico em diversos países.
A ocasião escolhida foi a homilia da Missa Crismal, que anualmente reúne o clero de cada Diocese, na manhã de Quinta-feira Santa.
D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima e vice-presidente da Conferência Episcopal, falou num “momento doloroso” marcado pelo “sofrimento e a vergonha por crimes hediondos de alguns sacerdotes e a suspeição generalizada resultante da exploração mediática de tais casos”.
“O pecado de alguns não ofusca a abnegação e a fidelidade de que a imensa maioria dos sacerdotes e religiosos dá prova quotidiana e que as nossas comunidades testemunham e reconhecem”, atirou.
No Porto, D. Manuel Clemente defendeu a “condição celibatária”, admitindo que “a mentalidade geral parece contrariá-la, encontrando em graves contrafacções de alguns clérigos o reforço da sua crítica, como se o celibato sacerdotal fosse inadequado ao ministério e até um óbice à maturidade pessoal”.
O Bispo do Porto mostrou-se seguro de que, com o tempo, “virá ao de cima a verdade dos factos, decerto mais «verdadeira» do que as generalizações absolutamente indevidas, que entretanto se propalam, com gritante injustiça”.
“A grande maioria do clero vive de modo sereno e feliz o seu celibato «pelo reino dos céus», assim participando na própria condição existencial e pastoral de Jesus Cristo, como Ele a quis viver também”, prosseguiu.
O Bispo de Viseu, por seu lado, sublinhou que “nada justifica a condenação precipitada, superficial e unilateral, a generalização fácil e injusta ou a marginalização tendenciosa e abusiva”.
Numa carta escrita aos padres da Diocese, D. Ilídio Leandro admite que “a Igreja, enquanto Instituição temporal e enquanto formada por homens e mulheres, frágeis e sujeitos a quedas e a pecados, tem muitos limites e imperfeições”.
Já na homilia da Missa Crismal, falou em dias nos quais “a Igreja é vista com tamanha desconfiança e em que todo o mal é aumentado, generalizado e provocador de escândalos, com um juízo desproporcionadamente injusto – ainda que o mal seja sempre mal e seja sempre de lamentar e de reparar”.
Em apoio dos seus padres saiu também D. Manuel Pelino, Bispo de Santarém, segundo o qual, “devido a alguns escândalos lamentáveis cria-se um ambiente de suspeita e de acusação que pesa sobre todos”.
“Embora os acusados sejam raras excepções que não desfazem a dignidade do sacerdócio, todos carregamos com o pecado da Igreja e da sociedade, como Cristo carrega com os pecados do mundo”, afirmou.
Nestes “momentos conturbados e agressivos em relação ao clero”, D. Manuel Pelino assegura que “a  Igreja aposta na verdade, pois só a verdade nos torna livres e nos ajuda a praticar a justiça”.
Na Sé de Lisboa, D. José Policarpo apelou a um “ministério da alegria” na sociedade contemporânea.
Para o Cardeal-Patriarca, essa alegria “brota da experiência da reconciliação e do perdão”.
“Numa sociedade de violência e de dificuldade em perdoar, este serviço da Igreja é bálsamo para tanta dor, semente de transformação progressiva da sociedade, redescoberta da alegria de viver”, declarou.








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