Nova Iorque, 31 mar (RV) - A sede das Nações Unidas hospeda hoje e amanhã a Conferência
que reúne os países doadores para o Haiti. O objetivo do encontro é impulsionar política
econômica do país, após 30 anos de estagnação e depois da destruição provocada pelo
sismo.
Para isso, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
indicou que quer angariar pelo menos 3,8 mil milhões de dólares.
Uma nota ontem
divulgada pela missão da União Européia em Nova Iorque antecipa que a principal meta
da conferência é assegurar as dotações para recuperação e reconstrução do Haiti através
de contributos de todas as fontes - públicas, privadas e instituições não governamentais
e multilaterais.
Entretanto, o UNICEF (Fundação da ONU para a Infância), com
as organizações não-governamentais Save the Children, SOS Children's Villages International,
Plan International, World Vision International e Oxfam sublinharam a importância de
assegurar que as crianças, jovens e suas famílias estejam no centro de todos os esforços
de reconstrução.
As organizações humanitárias que se dedicam às questões relativas
à infância reiteram que é crucial proporcionar aos mais jovens cidadãos do Haiti “uma
voz forte” no debate sobre o futuro de seu país.
Já antes da tragédia de janeiro,
as exigências de grande parte das crianças e jovens haitianos estavam bem longe de
ser atendidas: a mortalidade infantil é a mais elevada da América Latina, e a desnutrição
é comum. Cerca de metade das crianças não freqüentava escolas.
Hoje, mesmo
com a intenção de dedicar atenção preferencial aos mais jovens, a capacidade de ação
do governo é dramaticamente limitada, devido aos efeitos do terremoto.
Para
mais de um milhão de crianças que já viviam na indigência somam-se hoje os riscos
provocados por traumas, pela perda de familiares, deslocamentos forçados, ameaças
como violência, desnutrição e enfermidades.
Num recente estudo de avaliação
de riscos pós-catástrofe junto de mais de mil crianças, muitas disseram que a sua
prioridade era regressar à escola e prosseguir a sua escolaridade logo que possível.
As crianças e adolescentes menores de 15 anos constituem quase 40% da população
no Haiti e os jovens dos 15 aos 24 representam outros 20%.
É preciso que
a comunidade internacional dê a sua resposta, a fim de que o Haiti seja um lugar aonde
as crianças e suas famílias possam viver e não apenas sobreviver. Os jovens haitianos
são o recurso mais importante para o resgate deste país.
Outro apelo provém
dos Médicos sem Fronteiras (MSF) que pedem o compromisso de todos para fornecer a
longo prazo cuidados médicos gratuitos à população haitiana. A ONG teme que as autoridades
do Haiti voltem a cobrar os tratamentos. (CM)