CARDEAL COMASTRI: A TRAIÇÃO DE JUDAS SE REPETE AINDA HOJE
Cidade do Vaticano, 31 mar (RV) - O Vigário-geral do Papa para a Cidade do
Vaticano e Arcipreste da Basílica Vaticana, Cardeal Angelo Comastri, presidiu na manhã
desta quarta-feira, na Basílica de São Pedro, na vigília do Tríduo Pascal, à santa
missa para os funcionários do Vaticano.
O purpurado, retomando o Evangelho
da liturgia desta quarta-feira, que apresenta a traição de Judas, ressaltou que se
trata de um episódio repugnante que, infelizmente, se repete ainda hoje.
Judas
trai por trinta moedas de prata. Inicia-se a Paixão do Senhor. Na primeira Leitura
da liturgia de hoje o profeta Isaias anuncia os sofrimentos do Senhor:
"Não
livrei o rosto dos insultos e ultrajes. O Senhor Deus me assiste, por isto não fico
envergonhado, por isto torno meu rosto duro como pedra, sabendo que não ficarei confuso."
O
Cardeal Comastri ressaltou que o episódio de Judas é desconcertante não somente porque
é um caso em si repugnante, mas também porque é um episódio que pode repetir-se.
De
fato, qualquer um de nós pode tornar-se Judas. "E sabemos muito bem disso!" – exclamou.
Aquilo que impressiona em Judas é a falsidade e a hipocrisia de quem vive ao lado
de Jesus.
Dito isso, o Vigário-geral do Papa para a Cidade do Vaticano acrescentou:
"É
terrível, é repugnante: como se pode chegar a um nível tal de falsidade? E, no entanto,
aconteceu e pode acontecer ainda. De fato, recordemos-nos bem que quando uma pessoa
é má no coração e permanece lucidamente na ruindade, não vê mais nada, torna-se cega,
mentirosa, passa de um mal a outro, porque todo resíduo de ruindade é uma porta aberta
a Satanás. E Satanás se aproveita disso decididamente para impregnar-nos de sua falsidade.
Jesus chamou-o de "o Enganador"."
Nesse contexto – afirmou ainda o Cardeal
Comastri – "a história humana mostra-se profundamente enferma e transtornada":
"Pois
bem, dentro dessa história violenta e insensata, porque se distanciou de Deus, há
um ponto – um só ponto – do qual tem início a cura. Há um ponto que contém uma infinita
potência de amor e uma força inexorável de renovação. Esse ponto de luz e de salvação
é a Paixão e a Morte de Cristo. De fato, Jesus inseriu no sangue dos homicídios dos
homens o sangue do martírio, o martírio de Deus feito homem. Aquele ato de amor torna-se
presente na Eucaristia, em todo altar, e pode realmente mudar a vida de qualquer um
que abra o coração à inundação do amor de Deus." (RL)