Valores religiosos, uma ponte para os direitos humanos: a intervenção do Arcebispo
Silvano Tomasi, na 13 ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU
(25/3/2010) O Arcebispo Silvano Tomasi, representante da Missão Permanente da Santa
Sé nas Nações Unidas em Genebra, falou durante a 13 ª Sessão do Conselho de Direitos
Humanos, que abrange questões de racismo, discriminação racial, xenofobia e formas
conexas de intolerância. Dom Tomasi centrou seu discurso no tema das perseguições
religiosas a minorias, e citando recentes episódios de ridicularização da religião,
de desrespeito por personalidades e símbolos religiosos, discriminação e assassinatos
de sequazes de religiões minoritárias. Esta conotação negativa da religião no espaço
público fere a coexistência pacífica e os sentimentos de segmentos importantes da
família humana. A protecção do direito à liberdade religiosa é particularmente
importante, uma vez que os valores religiosos são uma ponte para os direitos humanos.
A dignidade humana, de facto, está enraizada na união das componentes espiritual e
material da pessoa. O respeito do direito de todos à liberdade religiosa não exige
a secularização completa da esfera pública ou o abandono de todas as tradições culturais;
enquanto o respeito da liberdade de expressão não autoriza o desrespeito dos valores
partilhados por uma sociedade particular. O Arcebispo relançou a proposta de realizar
um congresso sobre a liberdade de religião, reunindo temas evocados pelas novas formas
de pluralismo social e uma compreensão mais cuidada da dignidade humana. Dom Tomasi
frisou que a Delegação da Santa Sé está convencida de que um bom caminho para a coexistência
pacífica seria uma atitude mais positiva em relação às religiões e culturas, e, por
conseguinte, através de um melhor diálogo entre as diferentes crenças, da promoção
sincera do direito à liberdade de religião em todos os seus aspectos, e de um debate
franco e aberto entre os representantes das diferentes religiões. Concluindo,
a Santa Sé convida os países-membros do Conselho a inspirar-se nestes incidentes de
intolerância religiosa e cultural e transformá-los numa oportunidade para um novo
compromisso com o diálogo e com a reafirmação do direito e do valor de pertença a
uma comunidade de fé ou crença. Tal escolha individual, no entanto, é uma expressão
pessoal dos direitos humanos fundamentais, e consequentemente, deve ser sempre exercida
no contexto do bem comum.