Abuja, 23 mar (RV) - O Vice-presidente e Chefe de Estado provisório da Nigéria,
Goodluck Jonathan, desfez na última semana, o governo: segundo observadores políticos,
o objetivo seria reforçar o próprio poder. Com efeito, Jonathan está empenhado em
um braço de ferro com a equipe do Presidente Umaru Yar'Adua, enfermo há muito tempo.
Jonathan assumiu o poder presidencial interinamente graças ao voto do Parlamento,
contestado pelos aliados de Yar'Adua.
Ainda nesta semana deve ser formado um
novo governo, que, segundo antecipações, confirmará cerca metade dos Ministros do
precedente executivo. Entre estes, deve estar o Ministro da Defesa, Godwin Abbe, que
supervisiona o delicado processo de atuação da anistia para os militantes do Movimento
de Emancipação do Delta do Níger (MEND), que atuam na área do Delta do Níger, região
onde se concentram as reservas petrolíferas do país.
Outra área de crise é
o Estado de Plateau, onde em uma série de atritos e represálias entre comunidades
locais, perderam a vida cerca de 500 pessoas nas últimas semanas. No último episódio,
um assalto realizado por pastores fulanos, (alguns vestindo uniformes militares),
contra a aldeia de Biye, pelo menos 13 pessoas, em maioria mulheres e crianças morreram.
O governador do Estado de Plateau, Jonah Jang, lançou um apelo à calma e exortou
a população a não se organizar em grupos de auto-defesa. “Algo deve ser feito; caso
contrário, as pessoas podem se sentir indefesas e organizar-se autonomamente, o que
creio não ser um bem para a nação” – afirmou o governador.
“Não há um grupo
em particular que possui o monopólio da violência. Isto ocorre porque os jovens estão
agitados e existe o risco de não conseguir controlá-los”, afirmou.
Enfim,
o governador proferiu uma frase que deixa entrever um cenário complexo por detrás
das últimas violências que abalaram seu Estado: “Acredita-se que algumas pessoas-chave
desta nação estejam por detrás destes fatos e que algumas comunidades internacionais
estejam envolvidas”. Para o Arcebispo de Jos, Dom Ignatius Ayau Kaigama, “insistir
em apresentar os confrontos no Estado de Plateau como inter-religiosos é redutivo
e inverídico”. (SP)