Cidade do Vaticano, 20 mar (RV) - Quinta-feira passada o Santo Padre recebeu
os industriais e empresários romanos.
O Papa se referiu à globalização e à
recente crise financeira e econômica. Considerando a provação que passaram os sistemas
econômicos e produtivos de vários países. Bento XVI destacou que o momento foi também
de revisão dos modelos de desenvolvimento e de uma nova organização do mundo financeiro,
um tempo novo de profunda revisão.
O Papa recordou que, já em sua Encíclica
social Caritas in veritate, havia destacado que essa crise veio como conseqüência
de um desenvolvimento que privilegiou o que é material e técnico, em relação ao ético
e espiritual. Na encíclica ele encorajou aos protagonistas da economia a colocarem
a pessoa no centro da economia e da finança. “É na pessoa que Cristo revela sua dignidade
mais profunda”- declarou o Pontífice. O Santo Padre propôs que a política não esteja
subordinada aos mecanismos financeiros, que a reforma e a criação de disposições jurídicas
e políticas internacionais, sejam proporcionais às estruturas globais da economia
e das finanças, para conseguir com mais eficácia o bem comum da família humana.
Mais
adiante, ainda durante a audiência com os empresários, o Papa disse que “Ninguém ignora
quantos sacrifícios são exigidos para se abrir ou manter no mercado a própria empresa,
como ‘comunidade de pessoas’ que produz bens e serviços e que, portanto, não possui
como único fim o lucro, todavia necessário.” Bento XVI prossegue: “...é importante
saber vencer aquela mentalidade individualista e materialista que propõe separar os
investimentos da economia real para privilegiar o emprego dos próprios fundos nos
mercados financeiros, em vista de rendimentos mais fáceis e mais rápidos.” Em seguida
o Papa acrescentou: “Permito-me recordar que ao contrário do que parece, o caminho
mais seguro para opor-se ao declínio do sistema empresarial em seu próprio território,
consiste em relacionar-se com outras realidades sociais, investir na busca de inovações,
não praticar uma concorrência injusta entre empresas, não esquecer os próprios deveres
sociais e incentivar uma produção de qualidade que responda às necessidades reais
das pessoas.”
Finalmente o Santo Padre conclui: “ O desenvolvimento, em qualquer
setor da existência humana, implica abertura ao transcendente, à dimensão espiritual
da vida, à fidelidade a Deus, ao amor, à fraternidade, ao acolhimento, à justiça,
à paz. Agrada-me sublinhar isso enquanto nos encontramos na Quaresma, tempo propício
para a revisão dos posicionamentos mais profundos e para nos interrogar sobre a coerência
entre os fins aos quais somos inclinados e os meios que utilizamos.”
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