PRESOS ESQUARTEJADOS NO ESPÍRITO SANTO. OUÇA A DENÚNCIA DA PASTORAL CARCERÁRIA
Cidade do Vaticano/Vitória, 18 mar (RV) - A situação desumana e violenta dos
detentos no Estado do Espírito Santo chegou às Nações Unidas.
Com a intenção
de dar visibilidade internacional à grave condição dos presídios do Estado e discutir
soluções para por fim às violações, uma comitiva esteve em Genebra, na Suíça, no último
dia 15, participando do evento “Direitos Humanos no Brasil: Violações no Sistema Prisional
– o caso do Espírito Santo”.
A questão foi apresentada no âmbito da 13ª sessão
do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Com dados e fotos alarmantes, o Conselho
Estadual de Direitos Humanos do Espírito Santo, a ‘Justiça Global’ e a ‘Conectas Direitos
Humanos’ expuseram as graves e sistemáticas violações de direitos humanos no sistema
prisional capixaba para um público de mais de 100 representantes de delegações diplomáticas,
da própria ONU e de ONGs de diversos países.
Segundo as denúncias apresentadas,
várias pessoas foram mortas e esquartejadas dentro das celas dos cárceres do Estado,
nos últimos 3 anos.
Em fevereiro deste ano, as ONGs visitaram o Estado e encontraram
na unidade de detenção provisória de Cariacica ao menos 500 homens mantidos em contêineres
metálicos, onde a temperatura pode atingir 50°C. Na delegacia de polícia de Vila Velha,
235 homens estavam presos em celas cuja capacidade é de 36 pessoas.
A situação
não é melhor nos Institutos de reabilitação: em uma inspeção surpresa, na Unidade
de Internação de Adolescentes de Cariacica, em 24 de fevereiro último, três cassetetes
foram encontrados atrás do armário dos monitores; indícios de repressão e tortura.
“A comunidade internacional agora conhece as violações de direitos humanos
no Espírito Santo” - afirmou Bruno Alves de Souza, presidente do Conselho Estadual
de Direitos Humanos do Espírito Santo, “agora, o governo não pode se furtar de combatê-las
e cessar imediatamente as práticas violadoras” - completou.
Em Genebra, Tamara
Melo, advogada da ‘Justiça Global’, recordou que o Brasil assinou o Protocolo Facultativo
da Convenção da ONU Contra a Tortura em 2007 e até hoje não implementou o mecanismo
de prevenção da tortura contido nesta normativa e foi cobrado por isso durante a reunião.
Simultaneamente ao evento paralelo na ONU, mais de 150 representantes de entidades
locais de direitos humanos, professores e estudantes universitários e intelectuais,
reuniram-se diante do Palácio do Governo do Espírito Santo e marcharam até a Secretaria
Estadual de Justiça para dialogar com autoridades capixabas.
Conheça a carta
aberta do Pe. Gunther Zgubic, Coordenador da Pastoral Carcerária Nacional da CNBB
de 2002 a 2009, ao governo do Espírito Santo: http://www.carceraria.org.br/default2.asp?pg=sys/layouts/content&ct_cod=4737
Leia
artigo de Pe. Xavier Paolillo, coordenador da Pastoral do Menor da Arquidiocese de
Vitória, clicando abaixo: http://www.carceraria.org.br/default2.asp?pg=sys/layouts/content&ct_cod=4734
Sexta
feira, 19 de março, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) receberá
a Pastoral Carcerária Nacional, Justiça Global, Conectas Direitos Humanos e Ação de
Cristãos contra a Tortura (ACAT Brasil) em audiência para tratar a situação do sistema
prisional brasileiro e questões como saúde mental, monitoramento eletrônico e violência
institucional.
Ouça a entrevista concedida em exclusiva à RV por Pe. Xavier
Paolillo: