Bispos de Hiroshima e Nagasaki pedem o fim das armas nucleares :Igrejas britânicas
lançam campanha
(18/3/2010) Os bispos de Hiroshima e Nagasaki – as únicas cidades atingidas por bombardeamentos
atómicos em tempo de guerra – apelaram aos líderes mundiais para fazerem “todo o possível
para abolir as armas nucleares”. Numa declaração conjunta publicada a 26 de Fevereiro,
os prelados de Nagasaki e Hiroshima, D. Mitsuaki Takami e D. Joseph Atsumi Misue,
referem que o pecado dos lançamentos das bombas sobre as duas cidades japonesas “não
pode ser unicamente atribuído aos Estados Unidos”, “mas também aos demais países,
incluindo o Japão, que persistiram na guerra durante o curso de sua história”. Aos
EUA, os prelados exortaram a “limitar” o propósito de manter um arsenal atómico unicamente
para dissuadir outros países de usar armamento semelhante, tendo igualmente pedido
para que seja dado “ao menos um primeiro passo” no sentido de eliminar as armas nucleares
e rever a estratégia relativa a este tipo de equipamento bélico. Os bispos solicitaram
também ao Japão, que assinou um tratado bilateral de segurança com os Estados Unidos,
que “demonstre que agirá por si mesmo na abolição total” deste tipo de armamento. Na
análise dos prelados, o Japão “tem uma postura excessivamente passiva” na discussão
da redução dos arsenais norte-americanos porque o país estaria sob a protecção do
“guarda-chuva” atómico dos EUA. A declaração, que estima em 20 mil o número de
ogivas, antecede a reunião da cimeira de segurança nuclear, prevista para Abril, em
Washington, e a conferência de revisão do Tratado de Não Proliferação das armas atómicas,
que ocorrerá no mês de Maio em Nova Iorque. Paralelamente, um grupo de nove Igrejas
da Grã-Bretanha lançou uma campanha que exorta o Governo a “empenhar-se para livrar
o mundo das armas nucleares, construindo assim um futuro mais seguro para todos". A iniciativa,
intitulada “Este é o momento”, conta com a participação de representantes do Conselho
Mundial das Igrejas e de outros organismos. A plataforma quer pressionar os governos
mundiais a colocar sob controlo internacional os materiais passíveis de emprego no
fabrico de armas atómicas, favorecendo ao mesmo tempo a assinatura de acordos que
tornem ilegal o uso deste tipo de equipamento. A aliança inclui a Igreja da Inglaterra,
Igreja Presbiteriana da Escócia, Igreja Metodista, União Batista da Grã-Bretanha,
Quakers, Igreja Unida Reformada, Conferência Episcopal Católica da Inglaterra e do
País de Gales e Conferência Episcopal Católica da Escócia.