USINA BELO MONTE: IBAMA APROVA E MORADORES PROTESTAM
Altamira, 17 mar (RV) - Cerca de 1,5 mil pessoas protestaram na última segunda-feira
nas ruas de Altamira (PA), contra a construção da Hidrelétrica de Belo Monte, cuja
licença prévia acaba de ser concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Lideranças das aldeias indígenas que serão
afetadas com a construção da usina, no leito do Rio Xingu, afirmam que a resistência
será maior do que a realizada na reserva Raposa Serra do Sol.
As entidades
que compõem o Movimento ‘Xingu Vivo para Sempre’ promoveram também vigílias diante
do escritório regional do Ibama, em Altamira, em repúdio pela liberação da licença
prévia para construção da usina. Outras manifestações foram realizadas em Santarém
(PA) e Belém.
Entretanto, 140 entidades dos quatro cantos do planeta, escreveram
uma carta ao Presidente Luis Inácio Lula da Silva afirmando que o Brasil não precisa
da Hidrelétrica de Belo Monte para assegurar seu futuro energético.
A carta
lembra ao Presidente Lula as suas próprias afirmações de julho de 2009, ao receber
em Brasília lideranças indígenas e ribeirinhas da região a ser afetada pela hidrelétrica
planejada para o Rio Xingu, no Pará: “Belo Monte não seria forçada goela abaixo de
ninguém”. O abaixo-assinado é promovido pela ‘Amazon Watch’ e endossada por diversas
entidades da sociedade civil de defesa dos direitos humanos, indígenas, ambientais,
do clima, entre outros.
Especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (Inpa), da Universidade Federal do Pará, do Museu Paraense Emílio Goeldi,
do Instituto Sócio Ambiental (ISA) e do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) realizaram
um estudo, apontando os impactos ambientais da construção da usina na vegetação local,
animais e até nas populações indígenas que habitam um trecho do rio conhecido como
Volta Grande do Xingu.
A análise de impacto ambiental indica falhas na previsão
de geração de energia da usina, que seria maior do que a capacidade real do projeto.
Os estudos preliminares para a construção de uma hidrelétrica no Rio Xingu foram feitos
na década de 1980. O projeto da barragem e de canais desvia parte do leito do rio.
O cálculo prevê que cerca de 100 quilômetros do curso d'água fiquem secos – segundo
informa o G1.
A obra prevê a capacidade de geração de 4.719 megawatts (MW)
no período seco e 11.181 MW com a usina em plena capacidade. A Usina de Itaipu – a
maior do Brasil – tem capacidade para 14 mil MW. Os reservatórios de Belo Monte, incluindo
os canais, ocuparão uma área de 516 km², o equivalente a um terço do município de
São Paulo.
O protesto aumenta com a iminência da aprovação do edital do leilão
da hidrelétrica, anunciado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para
amanhã, dia 18.
Com isso, a licitação deverá ser realizada na segunda metade
de abril, em um prazo de cerca de 30 dias. Antes de a Aneel aprovar o edital, porém,
o Tribunal de Contas da União (TCU) deve julgar, hoje, a revisão dos cálculos do custo
da usina. (CM)