Rio de Janeiro, 17 mar (RV) - Sábado passado, dia 13 de março, celebrei uma
Missa Especial com representantes das várias expressões jovens de nossa Arquidiocese.
A Missa foi na Paróquia N. Sra. da Vitória e em transmissão televisiva nacional. Com
esse trabalho estamos procurando unir a riqueza que é a juventude católica do Rio
de Janeiro no Setor Jovem, experiência já existente em tantas outras comunidades por
onde passei e que também a nossa Conferência Episcopal assumiu no seu documento sobre
a juventude. Somos responsáveis por todas as expressões, espiritualidades, pastorais
e grupos de jovens. Merecem todo o nosso carinho e serão eles os evangelizadores dos
demais jovens.
A Igreja Católica sempre teve um carinho especial pelos jovens.
A juventude, na verdade, é o rosto jovem da Igreja. Fico entusiasmado ao ver a vitalidade
e alegria de nossa juventude. Apesar de tantos apelos para outros caminhos nesta grande
cidade, eles continuam, cada um de seu jeito próprio, no caminho do seguimento de
Cristo, testemunhando a sua fé.
No Brasil, de modo particular, notamos o vigor
de inúmeros jovens que buscam o rosto de Cristo e que levam a presença da Igreja para
a família, a escola, a universidade, o mundo do trabalho. Vemos, com alegria, que
não poucos jovens tornam-se apóstolos de outros jovens, contribuindo, assim, com a
missão que Jesus deixou à sua Igreja: “Ide... fazei discípulos”. A presença da juventude
na Igreja atesta que a fé é sempre jovial, que o Evangelho continua a falar aos corações
e que Jesus Cristo atrai para si os jovens, que, iniciando seu projeto de existência,
não querem passar pelo mundo sem nada de bom e de bonito deixar.
Enquanto a
mutante cultura atual tenta convencer a tantos que a felicidade depende do álcool,
das drogas, do sexo, do poder, do dinheiro – e o que ocorre é que apenas muda-se a
razão das mortes com mais ou menos dosagens – o jovem católico é chamado a ser um
sinal dos verdadeiros valores da vida e da verdadeira alegria!
O Documento
de Aparecida, fruto da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e Caribenho,
sugere pistas de ação para a evangelização de adolescentes e jovens. Já dissera, antes
de falar especificamente dos adolescentes e jovens, que “alenta nossa esperança a
multidão de nossas crianças, os ideais de nossos jovens e o heroísmo de muitas de
nossas famílias que, apesar das crescentes dificuldades, seguem sendo fiéis ao amor”
(DAp 127). Falando do ministério dos presbíteros, inseridos na cultura atual, também
já dissera que “o presbítero é chamado a conhecê-la para semear nela a semente do
Evangelho (...) compreensível, cheia de esperança e relevante para a vida do homem
e da mulher de hoje, especialmente para os jovens” (DAp 194). Preocupado com a pastoral
vocacional, o Documento diz que “a realidade atual exige de nós maior atenção aos
projetos de formação dos Seminários, pois os jovens são vítimas da influência negativa
da cultura pós-moderna, especialmente dos MCS” (DAp 318). Mais ainda: “Os jovens provenientes
de famílias pobres ou de grupos indígenas requerem formação inculturada, ou seja,
devem receber a adequada formação teológica e espiritual para seu futuro ministério,
sem que isso faça perder suas raízes” (DAp 325).
Em nossa Arquidiocese do Rio
de Janeiro, tenho visto como a juventude manifesta sua sede de Deus. Ser jovem é amar
os verdadeiros valores e ter a coragem de correr o belo risco para defendê-los e promovê-los.
A juventude que ama verdadeiramente a Deus contribui com a Igreja e com a sociedade
no sentido de difundir o entusiasmo e o espírito jovem que nos levam ao compromisso
com o bem e à recusa firme dos falsos valores presentes na pós-modernidade e muitas
vezes propagados pela mídia. Vemos, com efeito, que a juventude do Rio de Janeiro,
que a tantos títulos já deixa a sua boa marca, pode comprometer-se ainda mais com
a construção do Reino de Deus, Reino da verdade e da santidade, da justiça e da paz,
Reino da solidariedade.
É, pois, com o propósito de melhor organizar e articular
todas as pastorais, grupos, espiritualidades, expressões e movimentos da juventude,
que estamos criando o Setor Juventude em nossa Arquidiocese. Este setor deverá movimentar,
animar e articular os diversos grupos já existentes do segmento juvenil da Arquidiocese
sem descaracterizá-los, pois cada um tem sua riqueza e sua especificidade. Com efeito,
o Setor Juventude quer ser um apoio para os jovens católicos; quer que cada pastoral
ou grupo de jovens aprofunde sua identidade católica, incremente seu jeito de ser
e abra-se à comunhão com os demais movimentos da juventude. Comunhão é uma palavra-chave.
A Igreja é comunhão. É nessa direção que sempre busquei evangelizar: “que todos sejam
um”! A juventude seguidora de Cristo é chamada também a viver em comunhão. A legítima
diversidade só pode enriquecer aqueles que sabem viver segundo o espírito fraterno.
No
Domingo de Ramos, celebraremos a 25º Jornada Mundial da Juventude. Esse dia marca
a celebração dos jovens em suas Dioceses. O tema mundial neste ano é: “Bom mestre,
o que devo fazer para ter em herança a vida eterna?” (Mc 10,17). Aqui na Arquidiocese
do Rio de Janeiro estamos também trabalhando um tema especial para a juventude: “Jovem:
força de Cristo para um mundo novo”.
A celebração dessa jornada, neste ano
em nossa arquidiocese, será realizada no sábado que antecede o Domingo de Ramos, dia
27 de março. Iniciaremos com a bênção dos Ramos na Catedral de São Sebastião e, após
percorrermos as ruas centrais da cidade, chegaremos ao Largo da Carioca para a Missa,
envio e apresentações de testemunhos e de músicas. Cada Vicariato receberá uma réplica
da Cruz da evangelização da América para percorrê-lo até o próximo dia 15 de agosto,
quando retornaremos para outro encontro e um novo símbolo será entregue à juventude.
O passo seguinte será então a celebração do Dia Nacional da Juventude, neste ano no
dia 24 de outubro. De forma organizada estaremos também presentes na próxima Jornada
Mundial em Madri.
Aproveitaremos o ensejo para confirmar a criação do Setor
Juventude e expor os passos futuros. Rezemos pelo êxito desse projeto! Queremos confiá-lo
à especial proteção de Maria, a jovem que disse “sim” a Deus, e de são Sebastião,
nosso padroeiro.
Queremos que os jovens sejam apóstolos dos outros jovens!
Falando a linguagem que a juventude compreende, anunciando Jesus Cristo como Senhor,
Caminho, Verdade e Vida. Recordo também o carinho e a assessoria que todos os nossos
agentes de pastorais devem ter na animação e formação da juventude.
Citando
a palavra do Papa Bento XVI, lembro aos jovens: ouçam o apelo de Cristo! Ele nos quer
dar a vida verdadeira. A juventude é, com certeza, uma grande riqueza. Não tenha medo
de doá-la a Cristo. Cristo não tira nada. Ao contrário, só Ele pode nos dar tudo aquilo
que faz de nossa vida uma vida alegre, feliz e apaixonante! Jovem, não tenha medo
de Cristo! Deus abençoe a juventude da Arquidiocese do Rio de Janeiro!
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Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de
Janeiro, RJ