GUATEMALA: COAUTOR DO ASSASSINATO DE DOM GERARDI PODERÁ SAIR DA PRISÃO
Cidade da Guatemala, 17 mar (RV) - Por boa conduta, um tribunal guatemalteco
aprovou ontem a libertação do coronel reformado Byron Disrael Lima Estrada, condenado
a 20 anos pelo assassinato, em 1998, do Bispo Juan Gerardi.
A juíza encarregada
do caso Gerardi, María Antonieta Morales, anunciou aos jornalistas que aceitou o pedido
de liberdade antecipada de Lima Estrada, que será efetivada uma vez resolvidas as
apelações, se forem apresentadas, à decisão da magistrada.
A resolução do tribunal
se baseia na Lei de Redução de Penas, que permite aos réus recuperar sua liberdade
por boa conduta e trabalho sociais realizados, ao cumprirem metade da sentença.
Lima
Estrada foi detido em 22 de janeiro de 2000 com o seu filho, o capitão Byron Lima
Oliva (hoje em liberdade condicional), pelo assassinado em 26 de abril de 1998 do
Bispo Auxiliar de Cidade da Guatemala, Dom Juan Gerardi. Em 2001, foram condenados
a 20 anos de prisão como coautores do crime.
Entretanto, o Diretor do Departamento
de Direitos Humanos do Arcebispado (ODHA), parte civil no processo, Nery Rodenas,
declarou ontem que se opõe "decididamente à resolução" e entrará com uma ação para
evitar que Lima Estrada recupere sua liberdade.
Segundo Rodenas, Lima Estrada
ficou detido pelo menos dois anos no hospital militar, argumentando "sérios problemas
de saúde" e não pôde cumprir trabalhos sociais, como estabelece a Lei – motivo pelo
qual, a seu ver, "não existe argumentação legal para beneficiá-lo com a liberdade
antecipada".
Dom Gerardi foi assassinado dois dias depois de divulgar um relatório
em que documentou mais de 54.000 violações dos Direitos Humanos durante a Guerra Civil
guatemalteca (1960-1996). A maioria dos crimes é atribuída ao Exército. (BF)