2010-03-10 09:50:55

SUDÃO: UM PAÍS EM BUSCA DE PAZ


Cidade do Vaticano, 10 mar (RV) - É o maior Estado da África e é habitado por mais de 37 milhões de pessoas, dos quais 80% muçulmanos e 17% cristãos. É o Sudão, país ainda dilacerado por conflitos apesar do reconhecimento, em 2005, do governo autônomo do Sudão meridional e do cessar-fogo assinado no último dia 24 de fevereiro na martirizada região ocidental do Darfur. Nesta crucial fase histórica do país, na véspera das eleições e a um ano do referendo para a independência das regiões meridionais habitadas na maioria por cristãos, teve início no Vaticano a visita “ad Limina” dos bispos do Sudão. Falando à Rádio Vaticano o Bispo de Rumbek, diocese ao sul do Sudão, Dom Cesare Mazzolari, sublinhou a importância dessa visita.


R. – Para nós tem um grande valor porque estamos na véspera das eleições, que se realizarão no dia 11 de abril, para escolher os presidentes e os membros dos Parlamentos do Norte e do Sul. Esperamos que o Vaticano, com a sua voz, possa, de fato, fazer um apelo aos governantes do Sudão para um caminho sereno em direção das eleições e por uma verdadeira consolidação da paz no Sudão.

P. A Igreja sempre esteve comprometida com a paz. Quais foram os passos dados e quais ainda devem ser dados?
 
R. – Em 2005 foram assinados tratados de paz nos quais se prevê uma divisão dos recursos, das forças armadas, e a participação no Parlamento e, portanto, no poder. Essas coisas, porém, caminharam muito lentamente. É uma paz frágil, uma paz que talvez ainda não atingiu o coração das pessoas e por isso esperamos poder consolidá-la.

P. – Qual é o auspício pelas regiões meridionais, que são de maioria cristã?

R. – A maior pobreza da população do Sul do Sudão é, em particular, a falta de identidade. Uma identidade que nunca foi permitida, há séculos; uma população que vive sob um governo islâmico que oprime os habitantes do Sul, uma população que deseja descobrir a própria identidade e chegar ao ponto de assumir a responsabilidade pelo próprio futuro.
P. Outra terra martirizada é a do Darfur. O que a Igreja está fazendo nesta região?

R. – A Igreja sempre esteve presente e procura levar a sua ajuda humanitária. Desde o início dissemos ao governo o nosso parecer sobre o Darfur, que consideramos um verdadeiro e próprio genocídio. A nossa palavra, porém, não foi ouvida e assim continuamos tentando exercitar uma influência construtiva mas com muita dificuldade. O Sudão é o maior país do continente africano mas possui somente nove dioceses.

P. Mesmo sendo o maior país da África, apesar de possuir tantas riquezas, existe também tanta pobreza, e muitos emigram, deixando o país.

R. – Provavelmente é em absoluto o país mais pobre do mundo. Os nossos recursos, as nossas riquezas ainda não foram desenvolvidas. Depois de descobrirmos a nossa identidade e a nossa capacidade, descobriremos os nossos recursos e os desenvolveremos. Entretanto, porém, vivemos na pobreza da insegurança e também a Igreja é pobre e caminha com os pobres. (SP)







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