(5/3/2010) A delegação da Santa Sé deseja reafirmar a própria convicção de que a
perspectiva dos direitos humanos fornece um contributo positivo para uma solução da
actual crise financeira. Foi que afirmou quarta feira o arcebispo Silvano Tomasi observador
permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas em Genebra. Por ocasião da 13ª
sessão do conselho dos direitos humanos. Embora alguns sinais de retomada parecem
visíveis – disse o prelado – a crise continua a agravar as condições de vida de milhões
de pessoas no seu acesso ás necessidades de base. Esta situação portanto exige novas
regras e um sistema global de “governance” capaz de assegurar um percurso sustentável
para o desenvolvimento de todos. As Nações Unidas – recordou depois o arcebispo Silvano
Tomasi - dispõem de muitos dados acerca das consequências negativas da crise financeira,
entre as quais o escândalo da fome, a desigualdade crescente no mundo e o desemprego.
Estes desequilíbrios – como recorda o Papa na encíclica “Caritas in veritate” – são
produzidos quando a acção económica, concebida apenas como um motor para a criação
de riqueza, se separa da acção politica, concebida como um meio para conseguir a justiça
através de redistribuição dos recursos. Equidade e justiça – acrescentou o arcebispo
Silvano Tomasi - são critérios essenciais na gestão da economia mundial. O gozo
dos direitos humanos torna-se possível quando os estados traduzem os princípios em
direitos. O objectivo comum é a tutela e o respeito da dignidade humana que une a
inteira família humana. O arcebispo Silvano Tomasi salienta além disso a importância
da liberdade económica mas indica quatro princípios fundamentais dentro dos quais
é necessário mover-se: a centralidade da pessoa humana, a solidariedade, a subsidiariedade
e o bem comum. A importante mensagem do Papa contida na encíclica Caritas in veritate
– concluiu o prelado – consiste em superar a dicotomia obsoleta entre as esferas
económicas, sociais, e ecológicas . A doutrina social da Igreja perseguiu sempre o
objectivo do bem comum com particular atenção pelos membros mais vulneráveis da sociedade
. Dando prioridade aos seres humanos podem-se modificar as regras que governam o sistema
financeiro para promover “mudanças concretas e abandonar os antigo hábitos de avidez
que levaram á crise actual.