2010-03-04 18:51:05

BENTO XVI: A JUSTA DISTRIBUIÇÃO DA RIQUEZA


Cidade do Vaticano, 04 mar (RV) - O Evangelho da liturgia desta quinta-feira apresenta a célebre parábola do Evangelho do pobre Lázaro e do rico Epulão, símbolos da pobreza que pede ajuda e do egoísmo que tem olhos somente para si mesmo.

O tema da justiça e da equânime distribuição das riquezas foi reiteradas vezes abordado nestes anos por Bento XVI em muitos de seus discursos, e o próprio trecho do Evangelho acerca de Lázaro e Epulão foi colocado pelo Papa numa passagem da encíclica Deus Caritas est como exemplo de como somente o amor é o caminho que redime o homem.

Sobre o tema repropomos algumas das afirmações salientes do Pontífice.

Lázaro, um homem maltrapilho e purulento, que não tem mais a força da dignidade, mas somente a força da fome, reclinado como um cão sob a mesa de um rico à espera que as migalhas do banquete possam aliviar a sua fome.

E ele, Epulão, o rico que sacia somente a sua fome e que quando após a morte vê transformar-se em tormento a sua falta de solidariedade com o pobre, apela em vão com um atrasado arrependimento que não o salvará.

"O rico – afirmou o Papa num Angelus – personifica o uso iníquo das riquezas por parte de quem as utiliza para um luxo desenfreado e egoísta, pensando somente em satisfazer a si mesmo, sem enxergar o mendicante que está à sua porta."

O pobre, pelo contrário, representa a pessoa de cujo ser somente Deus cuida:

"Quem é esquecido por todos, Deus não o esquece; quem não vale nada aos olhos dos homens é precioso aos olhos do Senhor. A parábola mostra como a iniqüidade terrena é invertida pela justiça divina: após a morte, Lázaro é acolhido "no seio de Abraão", isto é, na beatitude eterna; enquanto o rico acaba no inferno entre os tormentos." (30 de setembro de 2007).

Na história da humanidade, o pobre Lázaro e o rico Epulão jamais deixaram, um, de estender a mão, e o outro, comumente, de ignorá-la. Hoje os milhões de Lázaros são aqueles que sobrevivem como refugiados, que mendigam migalhas de respeito pelos imigrados, são aqueles aos quais um exíguo salário assegura apenas duas semanas ao mês de subsistência.

Diante deles, os Epulões são os sistemas financeiros para os quais a solidariedade é uma voz que não conta, ou então os cálculos de governos incapazes de políticas solidárias incisivas para as sociedades que administram ou inertes quando se trata de dar concretude de "Resultados" do Milênio aos que comumente continuam sendo somente Objetivos.

"A fome – ressaltou o Papa sem meios termos diante dos membros da FAO, há mais de três meses – é o sinal mais cruel e concreto da pobreza. Não é possível continuar aceitando a opulência e o desperdício, quando o drama da fome assume dimensões sempre maiores":

"Se se busca a eliminação da fome a ação internacional é chamada não somente a favorecer o crescimento econômico equilibrado e sustentável e a estabilidade política, mas também a buscar novos parâmetros – necessariamente éticos, bem como jurídicos e econômicos – capazes de inspirar a atividade de cooperação para construir uma relação igualitária entre países que encontram um diferente grau de desenvolvimento." (16 de novembro de 2009 – sede da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) (RL)







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