ANGOLA: POLÍTICOS E BISPOS ANALISAM FENÔMENO RELIGIOSO E FEITIÇARIA
Luanda, 04 mar (RV) - Deputados da Assembleia Nacional de Angola se reuniram
ontem, em Luanda, com líderes religiosos, para analisar o fenômeno religioso e a situação
das crianças acusadas de feitiçaria.
Os parlamentares estiveram reunidos com
os bispos da Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé (CEAST), representados pelo
seu presidente, D. Gabriel MBilingui, pelo bispo de Caxito, D. António Jaka, e pelo
bispo do Uige, D. Emílio Sumbele.
Dom Mbilingui afirmou que a Igreja Católica
está preocupada com o fenômeno religioso, principalmente com as atividades realizadas
em nome da Igreja. "Uma religião que se preze deve estar a serviço do bem comum e
da pessoa humana e ajudar a pessoa a viver os valores que uma religião professa" –
disse o arcebispo do Lubango, acrescentando que a Igreja Católica sempre esteve ligada
à transformação da sociedade através da evangelização e dos projetos sociais.
O
prelado sublinhou que durante os últimos seis anos, a Igreja implementou projetos
que se resumem em três aspectos: ensinar, santificar e governar.
Por sua vez,
o bispo do Caxito disse que a dignidade, os locais de culto e a clarificação da doutrina
são pontos importantes a ter em conta na análise do fenômeno religioso. D. António
Jaka entende que os líderes religiosos devem ser responsáveis e têm de agir de forma
consciente para preservar a coesão e harmonia social e "não serem geradores de conflitos".
"De fato, nós temos constatado a presença massiva de comunidades que se denominam
igreja. O termo igreja está a ser usado de tal forma abusiva que faz confusão. Os
representantes denominam-se agora bispos, reverendos e outros são pastores de tal
maneira que está se criando na sociedade uma certa confusão" – disse.
Sobre
a situação das crianças acusadas de feitiçaria, o bispo de Uige referiu que já foi
criada na sua diocese uma estrutura para acolher essas crianças e sublinhou que na
província existem regiões onde este fenômeno é muito mais relevante. “Regra geral
são os municípios e aldeias que fazem fronteira com a República Democrática do Congo”,
disse o prelado.
A vice-presidente da sexta Comissão Assembleia Nacional ,
Eduarda Magalhães, disse que os deputados pretendem dar resposta às preocupações da
sociedade relativamente a esses dois fenômenos. Ela esclareceu que a comissão está
realizando um amplo trabalho com as Igrejas para, juntos, encontrarem a solução. (BF)