PAPA: IGREJA PRECISA DE TESTEMUNHAS POBRES, CASTAS E OBEDIENTES
Cidade do Vaticano, 03 mar (RV) - O papa concedeu esta manhã audiência geral,
como todas as quartas-feiras, na Sala Paulo VI. Na tradicional catequese, o pontífice
deteve-se hoje sobre o grande teólogo franciscano São Boaventura.
Aos 8 mil
fiéis presentes, Bento XVI afirmou que “a inveja e os ciúmes são formas de fragilidade
humana que por vezes minam também as pessoas religiosas”.
Referindo-se a São
Boaventura, o pontífice disse que ele ficou “fascinado pelo radicalismo evangélico
da regra do Pobrezinho de Assis, mas teve que vivenciar também a amargura causada
pelos limites humanos de seus irmãos.
Para o papa, “a Igreja se torna ainda
mais bela e luminosa com a fidelidade à vocação de seus filhos e filhas que, além
de praticar os preceitos evangélicos, são chamados – por graça de Deus – a observar
seus conselhos, testemunhando com um estilo de vida pobre, casto e obediente, que
o Evangelho é fonte de alegria e de perfeição”.
Bento XVI recordou a presença
de Boaventura naOrdem dos Frades Menores, da qual foi Ministro Geral por 17 anos,
desempenhando a função com “sabedoria e dedicação; visitando as províncias, escrevendo
aos irmãos e intervindo por vezes com severidade para eliminar os abusos”.
Este
é o texto integral da catequese proferida pelo pontífice em português. Para ouvi-la,
clique aqui
«Na terra,
podemos contemplar a imensidão divina através da razão e do assombro; já na pátria
celeste –onde seremos semelhantes a Deus - por meio da visão e do êxtase, entraremos
na alegria de Deus»: são palavras de São Boaventura, importante personagem franciscano
do século XIII [treze], que foi objeto das minhas pesquisas de jovem estudante. Curado
na juventude de uma grave doença, pela intercessão de São Francisco de Assis, Boaventura
decide fazer-se franciscano. Depois de um breve período como professor, foi eleito
Ministro Geral dos Frades Menores, procurando garantir a fidelidade da Ordem ao carisma
do Santo Fundador através de visitas às províncias e com escritos. Ensinava: “A Igreja
se faz mais luminosa e bela com a fidelidade à vocação daqueles seus filhos e filhas
que testemunham, com o seu estilo de vida pobre, casto e obediente, que o Evangelho
é fonte de alegria e perfeição”. Nomeado Cardeal, recebe a missão de preparar o II
Concílio Ecumênico de Lion, morrendo durante a sua realização.
Acolho cordialmente
todos os peregrinos de língua portuguesa que vieram à Roma encontrar o Sucessor de
Pedro: que a perseverança na prática das boas obras possa vos conduzir sempre mais
à união com Jesus Cristo. Desça a Sua Bênção sobre cada um de vós e vossas famílias".
Aos
poloneses presentes no encontro, Bento XVI recordou o músico Fryderyk Chopin: “Nestes
dias – disse – celebra-se o bicentenário de seu nascimento, e o ‘Ano de Chopin’. Que
a música deste famoso compositor polonês, que tanto contribuiu para a cultura da Europa
e do mundo, aproxime a Deus aqueles que a escutam e ajude a descobrir a profundidade
do espírito do homem”.
Em italiano, o papa acrescentou que pensando neste
autor, que lhe é muito querido, sente certas saudades de seus tempos de jovem estudioso,
quando conduziu muitas pesquisas sobre ele. “Seu conhecimento incidiu bastante em
minha formação” – admitiu Bento XVI, definindo seu ensinamento “muito atual”.
Em
suas saudações finais, o papa dirigiu-se aos participantes do Encontro da Pastoral
dos Nômades, em andamento em Roma, e pediu um empenho mais eficaz em favor dos ciganos.
“Exorto as Igrejas locais a trabalhar juntas por um compromisso mais eficaz em favor
deles” – disse.
Fiéis, peregrinos, ouvintes e telespectadores receberam juntos
a benção apostólica, concedida pelo pontífice.
O seminarista Charles Lamartine,
da diocese de Mossoró, RN, estava presente na Sala Paulo VI, e comenta sua emoção
ao ouvir a catequese do Papa. Ouça: (CM)