Igreja empenhada na transformação social. Com os excluídos não importa jogar, mas
intervir,alerta D. Carlos Azevedo na Nota Pastoral para a Semana Caritas de
1 a 7 de Março
(28/2/2010) A Igreja Católica em Portugal prepara-se para celebrar, no terceiro Domingo
da Quaresma, o Dia Nacional da Cáritas, precedido durante a semana que o antecede
por um conjunto de actividades diversas em todas as Dioceses. A iniciativa tem como
tema geral “Erradicar a Pobreza. Radicar a Justiça”. D. Carlos Azevedo, presidente
da Comissão Episcopal da Pastoral Social, destaca a importância de um esforço conjunto
para a erradicação da pobreza e perspectivando as implicações que a visita de Bento
XVI poderá trazer para esta área. Cada um deve também reequacionar o seu posicionamento
face ao mundo do trabalho, adverte, frisando também que “o combate contra a pobreza
e a exclusão social depende muito de comportamentos pessoais, na relação com o outro,
mas também de empresas para que assumam com mais atenção a sua responsabilidade social”. Quanto
às políticas públicas, o Bispo auxiliar de Lisboa assinala que “por um lado é necessário
providenciar o socorro imediato para quem precisa, mas é preciso também dar condições
para que essas pessoas saiam da pobreza, porque é possível erradicar a pobreza”.
-Na Nota Pastoral para a Semana Caritas (1 a 7 de Março), o presidente da Comissão
Episcopal da Pastoral Social, D. Carlos Azevedo sublinha que a complexidade dos problemas,
dada a sua articulação económica, política, cultural e socio-pedagógica, “torna a
exclusão um monstro, que alguns pensariam descartável”. Ou seja: “a dificuldade em
enfrentar e curar o mal pode excluir a questão para os discursos da retórica, a que
o ano europeu obriga”. “Com os excluídos não importa jogar, mas intervir”.
A
existência de excluídos “denuncia as feridas do corpo social a que pertencemos. Nós
estamos doentes com eles e necessitamos de uma operação. E a intervenção é prolongada”
– lê-se na Nota Pastoral para a Semana Cáritas. E acrescenta: “seria desperdício escandaloso
gastar vida e recursos em tarefas superficiais e secundárias, quando há ocasião oportuna
para acção urgente e eficaz”.
O grande exercício de transformação das situações,
“através da promoção de valores e de atitudes, do desenvolvimento do sentido crítico,
da participação activa, é próprio de quem acredita no futuro” – realça o documento
do presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social.
Depois de pedir:
“Temos de chegar ao que a Caritas Europa chamou Pobreza zero”, D. Carlos Azevedo aconselha
a “um conhecimento crítico e transparente da realidade, muito ocultada por mecanismos
de interesses cruzados”, visto que “ir às raízes das injustiças e destruir-lhes a
fatalidade é trabalho de caridade e dever de cada ser humano diante de si próprio”.
E conclui: “Há soluções para a pecaminosidade que a situação evidencia”.