SANTA SÉ: ARMA NUCLEAR NÃO É DEFENSIVA, É SOMENTE DESTRUTIVA
Nova Iorque, 25 fev (RV) - A conferência para avaliar o Tratado de Não-Proliferação
Nuclear será no dia 3 de maio, na sede da ONU, em Nova Iorque, onde o Secretário-Geral
Ban Ki-moon discutirá com as principais potências políticas do mundo.
Enquanto
isso, nessas horas, está reunido o Comitê para o Desarmamento, órgão consultivo das
Nações Unidas, justamente para preparar o encontro de maio. Para uma análise da situação
atual, a Rádio Vaticano entrevistou o Observador Permanente da Santa Sé na ONU, Dom
Celestino Migliore:
Dom Migliore:- Depois de muitos anos de estagnação,
onde o discurso sobre o desarmamento nuclear não fez nenhum progresso, temos boas
razões para sermos otimistas. Razões que provêm inclusive dos países que estão mais
implicados nesta matéria. Certamente, o problema não é somente a proliferação, mas
também o desarmamento nuclear, porque a arma nuclear não pode ser uma arma defensiva.
Ela é somente destrutiva.
Para o arcebispo, os Estados nucleares, ou seja,
os cinco países-membros do Conselho Permanente que se autoatribuíram o direito de
possuir armas nucleares, devem demonstrar espírito de colaboração se quiserem ser
críveis diante do mundo: "Só assim terão autoridade moral para dizer aos outros países
que não podem possuir a arma atômica".
Neste contexto, segundo Dom Migliore,
a contribuição específica dos cristãos é o conceito de fraternidade:
Dom
Migliore:- Parto de uma constatação que o papa fez na encíclica "Caritas in veritate":
ele diz que a globalização nos ajuda a coabitar civilmente, mas não nos torna irmãos.
Isso me pareceu um ponto muito importante justamente em vista da integração, da coesão
social de que muito necessitamos hoje. Se quisermos a integração, devemos nos tornar
irmãos. A fraternidade tem um significado muito especial para nós cristãos, e esta
é a contribuição que devemos dar. (BF)