Mosul, 25 fev (RV) - A nunciatura apostólica no Iraque emitiu um comunicado
deplorando as violências dirigidas contra a comunidade cristã em Mosul.
“A
longa lista de crimes parece não ter fim no Iraque. Esta carnificina é horripilante.
Os cristãos já foram muitas vezes alvo de violência: seqüestros, assassinatos, agressões
a igrejas e conventos. As comunidades cristãs de Mosul – reconhecidamente pacíficas
- já pagaram um preço alto; a impressão é de que estejam expiando por causa de sua
fé religiosa ou pertença étnica”
O texto relata que os cristãos vivem terrorizados
em seu próprio território, onde estão presentes há 2 mil anos. Alguém está pisando
em seu incontestável direito de cidadania, pressionando com a força para que abandonem
suas casas e fujam. “Como os bispos de Mosul declararam recentemente, os cristãos
se sentem indesejados em sua própria pátria, no lugar onde nasceram”.
O comunicado
ressalva, porém, que “apesar desta prova, os cristãos continuam a resistir à tentação
de deixar o país, e corajosos, querem contribuir para o bem comum e a reconstrução
de sua nação. Mas para fazê-lo, precisam de ajuda urgente; e especialmente, que a
opinião pública mundial não desvie a atenção destas violências e discriminações”.
“Os cristãos depositam confiança na solidariedade da comunidade internacional,
sempre atenta à sorte das minorias, e espera que se faça voz daqueles que não a têm”.
“Por outro lado, espera-se que as autoridades locais façam de tudo para garantir
aos indefesos toda a proteção de que têm direito, visto que são iraquianos que nunca
traíram sua cidadania. Os cristãos pedem para viver sua vida com tranqüilidade e professar
sua fé na segurança, condição básica de toda sociedade civilizada”.
Entretanto,
ontem de manhã realizaram-se os funerais dos três cristãos assassinados a sangue frio
em sua própria casa, em Mosul. As exéquias foram celebradas na igreja sírio-católica
de Mar Benham e Sara, em Karakosh, e tiveram a presença de bispos, sacerdotes e muitos
fiéis.
A celebração foi presidida pelo Bispo sírio-católico de Mosul, Dom
Georges Casmoussa, que declarou que “pela primeira vez, os assassinos entraram na
casa de cristãos para matá-los. Este é um precedente muito perigoso para a comunidade.
Um ato de covardia, que representa o fracasso de todas as medidas prometidas para
garantir a nossa segurança”. (CM)