Cidade do Vaticano, 25 fev (RV) – Dia após dia parece sempre mais se concretizar
a idéia de um "Iraque sem cristãos", numa terra onde o Cristianismo está presente
desde suas origens. Centenas de fiéis cristãos estão abandonando a localidade de Mosul,
diante da crueldade dos atentados que assolam a região.
Em entrevista à Rádio
Vaticano, o núncio apostólico no Iraque, Dom Francis Assisi Chullikat, explica a situação
dos cristãos no país:
R. – Os cristãos estão aqui há 2000 anos e partilham
em tudo, com o resto da população, a história iraquiana. Assim, toda tentativa de
diminuir a presença cristã ou, até mesmo, destruí-la no Iraque significa um ataque
à própria história da nação iraquiana. Os cristãos, na realidade, são parte integrante
dessa nação e desejariam participar na construção desta, especialmente nesta fase
de reconstrução do país. A contribuição dos cristãos, de todas as Igrejas cristãs
que estão presentes no Iraque é importante para o futuro do país.
P – Apesar
das violências, os cristãos iraquianos continuam a ser promotores de reconciliação...
R.
– Os cristãos são, na realidade, os promotores da reconciliação e da paz no Iraque.
Todas as Igrejas iraquianas estão envolvidas no diálogo inter-religioso, estão sempre
em contato com a comunidade muçulmana local. Há pouco recebi uma delegação composta
por sunitas e xiitas que vieram expressar solidariedade por esses tempos difíceis
para os cristãos, especialmente em Mosul. O papel importante desenvolvido pelos cristãos
é apreciado inclusive pelo governo. Infelizmente, nestes momentos difíceis, parece
que as autoridades locais não têm conseguido controlar a violência. Mas isto não quer
dizer que os cristãos não continuarão seus esforços para a promoção da reconciliação
na população iraquiana, até mesmo porque isto faz parte da própria vocação da Igreja
no Iraque.
P. – O Papa pediu inúmeras vezes, também recentemente, às autoridades
iraquianas e internacionais que façam o possível para garantir a segurança dos cristãos
do Iraque. Neste momento, qual apelo faz-se necessário diante dos recentes atentados?
R.
– A comunidade internacional faria um grande bem interessando-se pelo destino das
minorias no Iraque, especialmente no que diz respeito à situação dos cristãos, mais
expostos às violências neste período, particularmente em Mosul. A proteção das minorias
é importante porque se trata dos "sem-voz" da sociedade, e, portanto, somente através
das instâncias internacionais, estes podem fazer-se ouvir. Para os cristãos é importante
que seus direitos sejam resguardados e tutelados dentro do país, em vista também do
futuro desta comunidade. (RD)