ISRAEL INCLUI SANTUÁRIOS EM LISTA DE SEUS PATRIMÔNIOS
Nova York, 24 fev (RV) - O coordenador especial das Nações Unidas para o processo
de paz no Oriente Médio, Robert Serry, declarou-se preocupado com a recente decisão
do Governo de Israel de incluir na lista de patrimônios nacionais dois santuários
religiosos situados na Cisjordânia, elevando a tensão na região.
Entre os locais
está o chamado “Túmulo dos Patriarcas”, em Hebron, onde, segundo a tradição judaica,
estão enterrados três das principais figuras bíblicas: Abrãao, Isaac e Jacó. O
local também é venerado pelos muçulmanos, que consideram Abrãao - ou Ibrahim, em árabe
- como patriarca.
O segundo santuário situa-se em Belém e é o “Túmulo de Raquel”,
uma das esposas de Jacó. A inclusão foi mal recebida pelos palestinos, para quem
Israel não tem o direito de declarar como patrimônio nacional locais situados no território
ocupado há 43 anos, onde anseiam criar um Estado nacional independente.
Segundo
informa a Rádio ONU, nas últimas 48 horas, centenas de manifestantes palestinos protestaram
contra a decisão, entrando em confronto com soldados israelenses e policiais palestinos.
De
acordo Robert Serry, a decisão de Israel pode prejudicar o restabelecimento do processo
de paz entre israelenses e palestinos, congelado há mais de um ano. Ele assinalou
que os santuários em questão são sagrados não apenas para o Judaísmo, mas também para
o Islamismo e para o Cristianismo.
Em comunicado oficial, o coordenador especial
da ONU pediu a Israel que não tome medidas que possam “minar a confiança” dos palestinos,
levando em conta que a retomada das negociações “deve ser a mais alta prioridade em
comum para todos que buscam a paz”.
Ele ainda disse que gostaria de ver "mais
passos positivos de Israel para permitir o desenvolvimento palestino e a construção
de instituições por toda a Cisjordânia, refletindo um verdadeiro compromisso com a
solução de dois Estados".
Protestos também da Síria, que chamou ontem de “violação
flagrante” a decisão de Israel de declarar como patrimônio nacional israelense dois
locais sagrados para o Judaísmo e o Islã situados no território palestino ocupado
da Cisjordânia.
Segundo um comunicado do Ministério do Interior sírio, a medida
israelense de “incluir a mesquita de Ibrahim (Abraão) em Hebron e os arredores da
mesquita de Bilal em Belém como parte do chamado patrimônio de Israel é uma violação
flagrante da lei internacional e da prossecução da política de judaização”. (CM)