CELAM PEDE JUSTIÇA E SOLIDARIEDADE AOS POVOS LATINO-AMERICANOS
Bogotá, 23 fev (RV) - O Departamento Justiça e Solidariedade do Conselho Episcopal
Latino-Americano (CELAM) divulgou nos dias passados a declaração final da reunião
anual realizada de 7 a 10 deste mês, para avaliar e planejar o trabalho da instituição.
No
documento, fala-se detalhadamente da problemática que os povos da América Latina e
do Caribe vivem devido à crise econômica e à mudança climática.
No campo social,
o texto se concentra na exclusão: "A população da América Latina inicia o ano de 2010
com 9 milhões a mais de pobres em relação a 2009. A população pobre passou de 180
a 189 milhões. A pobreza cresceu no pior de suas formas: a indigência".
Segundo
os especialistas do CELAM, as situações de pobreza e indigência são fatores que podem
contribuir à geração de maiores índices de criminalidade – o que conduz, entre outras
coisas, ao incremento da problemática penitenciária.
Como de costume, os pobres
estão sofrendo muito mais a crise. Entre os mais afetados, se encontram crianças,
mulheres, jovens, povos indígenas e afro-descendentes. De cada quatro jovens, um está
fora do sistema educativo e do mercado de trabalho.
A crise econômica acentuou
as agudas desigualdades latino-americanas, as maiores de qualquer outra região do
mundo. "É uma das causas do porquê um Continente tão rico tenha tanta gente pobre."
Os
paradoxos são muitos, como o fato de a América Latina produzir alimentos para o triplo
de sua população atual. Tudo isso se agrava com o avance da corrupção generalizada,
tanto no âmbito público como privado, com a falta de credibilidade política, com os
neopopulismos e o desrespeito pelo meio ambiente.
O documento analisa ainda
a catástrofe no Haiti, como um exemplo de que os desastres são problemas de falta
de desenvolvimento. E recorda que, em 2010, oito países latino-americanos (Argentina,
Bolívia, Colômbia, Chile, Equador, México, Paraguai e Venezuela) celebram 200 anos
de independência.
"Fazemos votos de que esta possa ser uma ocasião propícia
para restaurar os elementos que fundaram os nossos povos, abertos a um futuro humanista,
cimentado em uma autêntica liberdade, em igualdade de oportunidades para todos e em
uma fraternidade que consolide os vínculos de comunhão com os deserdados e excluídos."
"É necessário que nos reconheçamos como uma família de latino-americanos e
caribenhos. (...). Devemos reafirmar que 'uma e plural, a América Latina é a casa
comum, a grande pátria de irmãos'. (...) Somente assim seremos cristãos, não profetas
de desventuras, mas portadores de Boas Novas para nossos povos" – conclui-se o documento
do CELAM. (BF)