PAPA: QUARESMA É TEMPO DE RENOVAR ESCOLHA DE SEGUIR CRISTO NO CAMINHO DA HUMILDADE
Cidade do Vaticano, 17 fev (RV) - Bento XVI presidiu, nesta Quarta-Feira de
Cinzas, a procissão penitencial que teve início na igreja de Santo Anselmo até a Basílica
romana de Santa Sabina, no Aventino, em Roma, onde o papa celebrou a missa com o rito
da bênção e imposição das cinzas.
Em sua homilia o papa ressaltou que a liturgia
de hoje tem como fundamento "a onipotência do amor de Deus, a sua absoluta senhoria
sobre toda criatura, que se traduz na indulgência infinita, animada pela constante
e universal vontade de vida".
O Santo Padre recordou que Jesus passou quarenta
dias no deserto da Judéia. "Aquele longo tempo de silêncio e de jejum foi para Ele
um abandonar-se completamente ao Pai e ao seu desígnio de amor; esse tempo foi ele
mesmo um batismo, isto é, uma imersão na sua vontade, e nesse sentido uma antecipação
da Paixão e da Cruz" – frisou Bento XVI.
O papa ressaltou que "a salvação é
dom, é graça de Deus, mas para ter efeito na minha existência requer o meu assentimento,
um acolhimento demonstrado nos fatos, isto é, na vontade de viver como Jesus, de segui-lo".
"Seguir
Jesus no deserto quaresmal é, portanto, condição necessária para participar da sua
Páscoa, do seu êxodo. Adão foi expulso do Paraíso terrestre, símbolo da comunhão com
Deus; agora, para retornar a essa comunhão e, portanto, à vida eterna, é preciso atravessar
o deserto, a provação da fé. Não sozinhos, mas com Jesus! Ele – como sempre – precedeu-nos
e já venceu o combate contra o espírito do mal. Eis o sentido da Quaresma, tempo litúrgico
que todo ano nos convida a renovar a escolha de seguir Cristo no caminho da humildade
para participar da sua vitória sobre o pecado e sobre a morte" – sublinhou o Santo
Padre.
Bento XVI disse ainda que "Deus levou às extremas conseqüências o seu
desígnio de salvação, permanecendo fiel ao seu amor a ponto de entregar o Filho unigênito
à morte, e à morte de cruz. Ai se abre a justiça divina, profundamente diferente da
justiça humana... graças à ação de Cristo, nós podemos entrar na justiça maior, que
é a justiça do amor".
"Iniciando uma nova Quaresma, um novo caminho de renovação
espiritual, a Igreja indica a conversão pessoal e comunitária como único caminho não
ilusório para formar sociedades mais justas, onde todos possam ter o necessário para
viver segundo a dignidade humana" – conclui o papa. (MJ)