2010-02-17 18:44:45

Bispos portugueses traçam itinerário quaresmal atento às circunstâncias da Igreja e da sociedade.


(17/2/2010) Os Bispos das várias Dioceses portuguesas apresentam por estes dias as suas mensagens para a Quaresma, procurando traçar um itinerário de vida, atento às circunstâncias da Igreja e da sociedade.
D. José Policarpo escreve, por exemplo, que para se conseguir uma “verdadeira justiça” não “basta mudar as leis, corrigir desequilíbrios sociais”. Num texto que retoma o tema escolhido pelo Papa para este tempo de preparação para a Páscoa, o Cardeal-Patriarca coloca a “grande causa das injustiças da sociedade” no “coração dos homens”.
Já D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga e presidente da Conferência Episcopal, indica que o tempo de preparação para a Páscoa deve ajudar a construir “um mundo onde cada um tenha o que é ‘seu’, acabando com injustiças escandalosas”. “Para entender esta dinâmica, importa abrir-se a tempos fortes de acolhimento da Palavra para que esta desmonte as nossas estruturas egoístas e nos projecte na responsabilidade duma sociedade mais justa”, acrescenta.
O Bispo de Beja, D. António Vitalino, afirmou que “vivemos num tempo de barulho, de palavreado, de demagogia, de processos infindáveis, em que os sofismas das palavras procuram escamotear e ocultar os factos, criando realidades virtuais contra as vítimas reais”. Para este responsável, “precisamos de escutar os outros, sobretudo as vítimas, os que sofrem, as crianças e mães maltratadas, os pais de família desempregados, as vítimas do tráfico laboral, sexual e de órgãos”.
D. Ilídio Leandro, Bispo de Viseu, convidou os fiéis da sua Diocese a deixar-se “tocar pelos mais pobres” durante a Quaresma, lembrando os que “vivem abaixo do mínimo de dignidade, justa e necessária, a todo o ser humano”.
A mensagem do Bispo das Forças Armadas e de Segurança aponta o dedo a “problemas da maior gravidade do ponto de vista económico-social” no nosso mundo “nacional e internacional”. “Coincidente com a Caminhada da Quaresma, o drama do Haiti, a decisão de se instituir o ano de 2010 como Ano Europeu de combate à pobreza e à exclusão social e as dificuldades no âmbito do desemprego em Portugal, são apelos em ordem a minorar privações e dramas, não desconhecendo que um grande número de pessoas sofredoras se escondem na vergonha de nada possuírem”, indica D. Januário Torgal Ferreira.
D. Gilberto Reis, Bispo de Setúbal, considera que a Quaresma de 2010, Ano Europeu de luta contra a pobreza e a exclusão social, deve ser marcada pelo “desejo de contribuir para uma sociedade mais justa”.
O Arcebispo de Évora, D. José Alves, indica que “aqueles e aquelas que acolheram no coração a mensagem evangélica e a tomam como norma de vida, estão cientes da necessidade da conversão e reconhecem na partilha dos dons recebidos da mão de Deus um meio eficaz para a alcançar”.
D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, divulgou através do YouTube a sua mensagem de Quaresma, indicando que este tempo tem uma “motivação acrescida pelas próprias circunstâncias da Igreja e do mundo”, onde tantos homens e mulheres “vivem e lutam”.
Nos vários destinos escolhidos para a partilha a que os Bispos convidam os seus fiéis, destaca-se este ano a preocupação com a população haitiana. Até ao momento, são já oito as Dioceses portuguesas que decidiram enviar parte ou mesmo a totalidade das renúncias quaresmais para este país: Algarve, Beja, Braga, Lamego, Leiria-Fátima, Santarém, Viana e Viseu.
A renúncia quaresmal é uma prática habitual na Igreja Católica durante o período que serve de preparação para a Páscoa. Os fiéis são chamados a abdicar de alguns dos seus bens em favor das populações mais desfavorecidas e a entregar esse montante à sua Diocese, que o encaminha para um projecto à sua escolha.








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