REFLEXÃO SOBRE A LITURGIA DESTE VI DOMINGO DO TEMPO COMUM
Cidade do Vaticano, 14 fev (RV) - A primeira leitura nos fala de quem é feliz
em optar por confiar em Deus e da infelicidade e frustração daquele que confia no
Homem.
Confiar em Deus supõe muita fé e , ao mesmo tempo, um coração que use
a memória e a inteligência para verificar o quanto Deus fez por cada um de nós. À
medida em que vamos repassando nossa vida, vamos reconhecendo a ação providente e
generosa do Senhor. Quem seríamos nós sem Seu amor, sem Seu carinho de Pai! Que seria
de nossa vida? O Senhor está presente em nossa existência! Ele é a nossa segurança!
Diante
de uma multidão de pessoas desvalidas, famintas, economicamente miseráveis, doentes
físicos e psíquicos, o Senhor proclama em alto e bom som que os pobres são bem-aventurados,
do mesmo modo os famintos, os que choram, os odiados e marginalizados. Ao mesmo tempo
o Senhor proclama malditos os ricos, os fartos, os mundanamente bem sucedidos. Esse
é o discurso de Jesus no Evangelho deste domingo.
Como entender esse Evangelho?
Vamos à luz da primeira leitura procurar a mensagem cristã. Para Jesus Cristo feliz
é o pobre, o marginalizado porque colocam sua esperança no Senhor e esperam mudar
de situação ainda nesta vida.
Os ricos e os aparentemente bem sucedidos são
infelizes porque colocam sua segurança nos bens que possuem, em seus trabalhos, em
suas relações humanas, em seu cumprimento no pagamento do dízimo. É quase como fé
em uma lei de que a uma ação corresponde uma reação, uma conseqüência.
Eles
não recordam a bondade de Deus, mas sim suas próprias boas ações. São elas que proporcionam
a comida, o riso, a felicidade. Jamais pensam na gratuidade de Deus e em nossa absoluta
incapacidade de prover o que necessitamos sem o auxílio divino. Os que confiam
no Senhor serão saciados agora e no futuro. Agora porque já são lúcidos ao confiarem
em Deus e, também, porque o Senhor os torna felizes desde já; contudo os outros são
infelizes porque, na verdade, não creem no amor, mas sim em si mesmos, e um dia isso,
naturalmente, irá terminar. Além do mais já são infelizes, pois no fundo conhecem
sua própria miséria.
Na segunda leitura temos a explicação porque alguns creem
e outros não. Na primeira Carta aos Coríntios, São Paulo fala sobre crer ou não na
ressurreição dos mortos, o que na verdade é crer ou não na ressurreição de Jesus,
crer no poder e no amor de Deus. Jesus, aquele que foi espezinhado, marginalizado
e crucificado, agora está ressuscitado e reina para sempre. Mesmo em sua vida mortal,
manteve a serenidade, a confiança no Pai e permaneceu sempre fiel ao Seu projeto.
Agora, mais do que nunca, é o nosso modelo, o nosso guia, a nossa luz.
Na hora
de Sua paixão o Senhor disse: “minha vida eu a dou, ninguém a toma”. Do mesmo modo,
aquele que segue Jesus sempre será senhor de si, não por depositar em si mesmo a própria
confiança, mas porque já se esvaziou de si mesmo e pode dizer como Paulo “não sou
eu quem vivo, mas o Senhor vive em mim!”