PAPA NO ANGELUS: JESUS FAZ JUSTIÇA AOS POBRES E OPRIMIDOS
Cidade do Vaticano, 14 fev (RV) - O Santo Padre – após a visita da manhã deste
domingo ao Centro da Caritas diocesana de Roma, na Estação Termini – ao meio-dia assomou
à janela de seus aposentos que dá para a Praça São Pedro, para rezar com os milhares
de fiéis, peregrinos e turistas presentes na praça, a tradicional oração mariana do
Angelus.
Na alocução que precedeu a oração dominical, o papa deteve-se
sobre a liturgia deste domingo comentando o Evangelho das Bem-aventuranças. De fato,
referindo-se à leitura do Evangelho de Lucas (6, 20-26), Bento XVI ressaltou que Jesus
se deteve com os Doze num lugar plano e onde se reuniram outros discípulos e pessoas
vindas de todos os lugares para ouvi-lo.
Erguendo então os olhos para os seus
discípulos, disse: "Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus.
Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. Bem-aventurados
vós, que agora chorais, porque haveis de rir. Bem-aventurados sereis quando os homens
vos odiarem, quando vos rejeitarem, insultarem e proscreverem vosso nome como infame,
por causa do Filho do homem."
Por que os chama bem-aventurados? – perguntou-se
o papa:
"Porque a justiça de Deus fará de modo que eles sejam saciados, alegrados,
ressarcidos por toda falsa acusação, numa palavra, porque os acolhe desde já no seu
reino. As bem-aventuranças se baseiam no fato que existe uma justiça divina, que eleva
quem foi injustamente humilhado e rebaixa quem se exaltou (cfr Lc 14, 11).
De fato, o evangelista Lucas, após os quatro "bem-aventurados vós", acrescenta quatro
advertências: "ai de vós, ricos... ai de vós, que agora estais saciados,... ai de
vós, que agora rides" e "ai de vós, quando todos vos bendisserem", porque, como afirma
Jesus, as coisas serão invertidas, os últimos se tornarão primeiros, e os primeiros
últimos (cfr Lc 13,30)."
"Essa justiça e essa bem-aventurança – explicou
– se realizam no "Reino dos céus"... que terá o seu cumprimento no fim dos tempos,
mas que já está presente na história. Onde os pobres são consolados e admitidos ao
banquete da vida". De fato, "ali se manifesta já agora a justiça de Deus".
O
papa, encorajando aqueles que em todas as partes do mundo se empenham gratuitamente
em obras de justiça e de amor, recordou que exatamente ao tema da justiça dedicou
a sua Mensagem para a Quaresma, que terá início na próxima quarta-feira: e convidou
todos a lerem e a sua Mensagem e a meditarem sobre ela:
"O Evangelho de Cristo
responde positivamente às expectativas de justiça do homem, mas de modo inesperado
e surpreendente. Ele não propõe uma revolução de tipo social e política, mas a revolução
do amor, que já realizou com a sua Cruz e a sua Ressurreição. Sobre elas se fundam
as bem-aventuranças, que propõem o novo horizonte de justiça inaugurado pela Páscoa,
graças à qual podemos nos tornar justos e construir um mundo melhor."
Em seguida,
elevou a sua oração à Virgem Maria que todas as gerações proclamam "bem-aventurada",
porque acreditou na boa notícia que o Senhor lhe anunciou:
"Deixemos-nos conduzir
por ela no caminho da Quaresma, para nos livrarmos da ilusão da autossuficiência,
para reconhecermos que precisamos de Deus, da sua misericórdia, e entrarmos assim
no seu Reino de justiça, de amor e de paz."
Após a oração do Angelus,
o papa dirigiu suas felicitações às populações da Ásia, mas não só, pensando em particular
na China e no Vietnã, que celebram neste domingo o final do ano lunar:
"São
dias de festa, que aqueles povos vivem como ocasião privilegiada para reforçar os
vínculos familiares e de gerações. Desejo a todos que mantenham e cresçam a rica herança
de valores espirituais e morais, que se arraigam firmemente na cultura daqueles povos."
Dirigindo-se,
em várias línguas, aos diversos grupos de fiéis e peregrinos presentes, saudou os
poloneses recordando a festa de hoje dos santos Cirilo e Metódio, padroeiros da Europa.
Falando
aos de língua portuguesa, eis o que disse:
"A minha saudação estende-se
também aos peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente ao Senhor Cardeal Dom José
Policarpo com os seus fiéis do Patriarcado de Lisboa, a quem agradeço a visita de
hoje e a oração diária pelo Sucessor de Pedro. Possam irradiar a santidade de Cristo
pelos caminhos da vida, particularmente no seio da família e comunidade cristã, que
de coração abençoo."
O Santo Padre
concedeu a todos a sua bênção apostólica. (RL)