Cidade do Vaticano, 13 fev (RV) - Há pessoas ricas materialmente, que nunca
conheceram as dificuldades da vida, ou que conquistaram riquezas à custa do prejuízo
alheio. Nunca tentaram ajudar os outros. Vivem para si e para o que às satisfaz. Essas
são aqueles ricos de que Jesus falou que "é mais fácil um camelo entrar no fundo de
uma agulha do que um rico entrar no Reino do Céu".
Há também aqueles que são
pobres materialmente e que, ao invés de tentar conquistar um lugar ao sol, com esforço
e brandura, se revoltam, agridem as pessoas, cometem violência. Esses não são os pobres
de que fala a Bíblia.
Há ainda aqueles que têm posses porque trabalharam e
se esforçaram para conquistar uma vida confortável para a sua família. São pessoas
preocupadas com os menos favorecidos, são pessoas que procuram ajudar os irmãos, são
generosos e não se apegam às coisas materiais. O ter, para elas, é o bastante para
que possam ter uma vida digna e possam também amparar os mais necessitados.
E
há aqueles simplesinhos, que se contentam com pouco e que têm uma generosidade do
tamanho do universo. Já convivemos com gente simples e de poucos recursos, que sabem
repartir o que têm, que sabem ser disponíveis para servir e que glorificam a Deus
com a sua vida humilde e santa.
Esses dois últimos tipos de pessoas é que são
os pobres citados por Jesus.
No Sermão da Montanha, Jesus diz, segundo Lc 6,20:
"Felizes de vocês, os pobres, porque o Reino de Deus lhes pertence." Em outra passagem,
em Mt. 11,25, a sua palavra é: "Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque
escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos".
Em
sua palavra e ação, Jesus revela a vontade do Pai, que é instaurar o Reino. Contudo,
os sábios e inteligentes não são capazes de perceber a presença do Reino e sua justiça
através de Jesus.
Com efeito, constantemente, vemos em seminários, pessoas
inteligentes criticando a fé católica. São pessoas cultas e que nos causam espanto
por não compreenderem e até criticarem verdades em que cremos.
Ao contrário,
os desfavorecidos, pobres, humildes, simples conseguem penetrar o sentido dessa atividade
de Jesus e continuá-la. Jesus veio tirar a carga pesada que os que se diziam sábios
e inteligentes haviam criado para o povo. Em troca, Ele traz novo modo de viver na
justiça e na misericórdia: doravante, os pobres serão evangelizados e partirão para
evangelizar. São eles os pobres de Deus aqueles que não ambicionam os bens terrenos
para acumular riqueza material, mas que se servem da vida e dos dons que Deus lhes
deu para construir um mundo melhor para eles e para os irmãos.
São eles os
pobres de Deus que ouvem sempre o eco da voz de Cristo a dizer-lhes: "Procurem o Reino
de Deus e a sua justiça e o resto lhes será dado por acréscimo".
Esse "resto"
de que fala Jesus é a felicidade eterna, porque, na verdade, o Reino de Deus, que
eles vão procurar e encontrar, se confunde com a felicidade.