Cidade do Vaticano, 07 fev (RV) - Vemos na primeira leitura a disponibilidade
de Isaías. Javé não lhe faz o convite diretamente, mas pergunta a Si mesmo quem enviar?
Isaías não se faz de rogado e imediatamente se apresenta e se oferece. Já bem antes,
diante da magnífica visão de Deus, Isaías já havia se reconhecido pecador e indigno
da visão. Agora, já purificado, sentiu-se fortalecido para colaborar com Deus.
No
Evangelho Simão Pedro e seus companheiros fazem uma pesca infrutífera. Jesus aparece,
quando eles já se preparam para voltar para suas casas e sobe na barca de Simão, dando-lhe
ordem para se afastar da praia. Pedro obedece e Jesus se acomoda em sua barca. Dela
ensinava às multidões.
Quando terminou, o Senhor mandou que ele avançasse para
águas mais profundas e jogasse as redes para a pesca. Simão contesta dizendo que labutaram
toda a noite e nada conseguiram, mas em atenção à palavra d’Ele, iria lançar as redes.
Evidentemente a pesca foi abundante e a reação de Pedro foi semelhante à de Isaías,
sentindo-se pecador, indigno diante de tal maravilha. Ele se joga aos pés de Jesus
e diz: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!” Do mesmo modo como aconteceu
com o profeta, acontece com Pedro. Jesus lhe dá a missão: ser pescador de homens.
Então deixaram tudo e seguiram o Senhor. Sem renunciar ao que se possui não é possível
servir ao Senhor e a seus irmãos. É preciso esvaziar-se, deixar-se tomar por Deus.
Somente assim o cristão poderá penetrar águas mais profundas e tirar das garras da
morte aqueles que o mal aprisiona como escravo do dinheiro, do poder, do prazer, transformando
seu próprio umbigo no centro do mundo.
Certamente também o Senhor me vocaciona,
chamando-me a ser seu apóstolo onde estou. Ele quer depender de meu sim, para que
possa agir no coração e na mente das pessoas. Tenho consciência de que preciso me
esvaziar para que a graça de Deus possa agir em mim, constituindo-me seu servidor?
Tendo
a graça de renunciar a si mesmo, o cristão poderá como São Paulo, na segunda leitura
de hoje, dizer: “É pela graça de Deus que sou o que sou. Sua graça para comigo não
foi estéril.” (CAS)