Cidade do Vaticano/Itaici, 05 fev (RV) - “O sacerdote será Bom Pastor na medida
em que, através do exercício quotidiano do seu ministério, se dedicar integralmente
a Cristo e, por Ele, com Ele e Nele, aos irmãos, em total fidelidade, sempre a exemplo
do mesmo Senhor”. A afirmação é do prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Cláudio
Hummes, em mensagem enviada aos mais de 500 padres reunidos desde ontem em Itaici,
município de Indaiatuba (SP).
O cardeal disse que o povo brasileiro deseja
que os sacerdotes “sejam homens de Deus” e que, para isso, devem ser “homens de oração”.
“Na vida do sacerdote, a oração e a intimidade com Deus são essenciais e insubstituíveis.
A oração na vida do presbítero ou ocupa um lugar central, ou será um belo ideal, distante
de ser concretizado”, disse o cardeal.
Publicamos abaixo a íntegra da Mensagem
enviada pela Congregação para o Clero aos Presbíteros do Brasil, particularmente aos
participantes do 13º Encontro Nacional de Presbíteros:
"Caros irmãos no sacerdócio, “Fidelidade
de Cristo, fidelidade do Sacerdote!”, eis o tema do Ano Sacerdotal que estamos
vivenciando. O Papa Bento XVI deseja que este ano especial seja um tempo de profunda
renovação interior dos sacerdotes. Justamente por essa razão, propõe São João Maria Vianney
como modelo de vida sacerdotal, um exemplo antigo, mas com uma mensagem de vida
e santidade sacerdotal que são perenes e atuais.
A Cura d’Ars dizia que “um
bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus é o maior tesouro que o Bom Deus
possa dar a uma paróquia e uma das dádivas mais preciosas da misericórdia divina”.
Ser pastor segundo o coração de Deus, eis o grande desafio para os sacerdotes de
todos os tempos, eis o maior tesouro que o nosso Pai poderia oferecer aos fiéis de
nossas comunidades.
O sacerdote será Bom Pastor na medida em que, através do
exercício quotidiano do seu ministério, se dedicar integralmente a Cristo e, por
Ele, com Ele e Nele, aos irmãos, em total fidelidade, sempre a exemplo do mesmo
Senhor. Por essa razão, o apelo à fidelidade quer recordar a cada um de nós, o
feliz dever de renovar os compromissos assumidos no dia da nossa Ordenação, de
sermos, de fato, homens pobres, castos, obedientes, fiéis anunciadores do Evangelho,
a todos sem exceção, em espírito de verdadeira comunhão eclesial.
O povo brasileiro,
sedento de Deus, deseja vivamente que seus sacerdotes sejam homens de Deus. Por
sua vez, o sacerdote não se tornará “homem de Deus” se não for “homem de oração”.
Assim sendo, na vida do sacerdote a oração e a intimidade com Deus são essenciais
e insubstituíveis. A oração na vida do presbítero ou ocupa um lugar central, ou será um
belo ideal, distante de ser concretizado.
O Papa Bento XVI, em sua homilia
da Quinta‐feira Santa de 2006, afirma que “ser sacerdote significa ser homem de
oração”. Se o trabalho pastoral não for precedido e acompanhado pela oração, perderá
seu valor e sua eficácia. O tempo que empregamos no cultivo da amizade com Cristo,
na oração pessoal e litúrgica – concretamente na dedicação de um tempo determinado
e quotidiano à meditação e na fiel recitação da Liturgia das Horas –, é um tempo
de atividade autenticamente pastoral. Por essa razão, o sacerdote deve ser, sempre, um
homem de oração. Não nos iludamos: se falta a oração pessoal na vida do presbítero,
sua ação pastoral será estéril e correrá o risco de perder de vista o “primeiro
Amor”, ao qual entregou incondicionalmente sua vida, naquele dia memorável e cheio
de generosidade, o dia da sua ordenação sacerdotal.
Em referência à programação
para o Ano Sacerdotal, gostaríamos de lembrar‐vos do Encontro Internacional de
Sacerdotes, com o Santo Padre, em Roma, nos dias 9, 10 e 11 de junho do ano corrente,
por ocasião do encerramento deste tempo de graça. Queremos fazer deste encontro
um marcante gesto de comunhão eclesial, com a presença de sacerdotes das várias
nações do mundo, junto ao Sucessor de Pedro. Todos são convidados a participar deste evento.
Desejamos poder contar com um significativo número de sacerdotes do Brasil, pois poderá
significar uma feliz ocasião para agradecer ao Santo Padre seu carinho e atenção para com
o povo brasileiro, especialmente depois de sua visita par a abertura da Conferência
Geral do Episcopado Latino‐americano e do Caribe, em Aparecida.
Caros irmãos,
gostaríamos de exortar‐vos, com aquelas mesmas palavras de São Paulo: “Estai sempre
alegres. Orai continuamente. Em todas as circunstâncias, daí graças, porque esta é
a vontade de Deus, em Cristo Jesus, a vosso respeito (...) Que o próprio Deus da paz
vos santifique inteiramente, e que todo o vosso ser – o espírito, a alma e o corpo
– seja guardado irrepreensível para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo!” (1 Tess.
5, 16‐18.23s).
Com estes mesmos sentimentos queremos que continuais a viver
o Ano Sacerdotal: sempre alegres, porque grande é o dom da vossa vocação e urgente
um novo ardor missionário, a fazer‐se presente no coração sacerdotal de cada um
de vós. Despedimo‐nos, implorando ao Senhor Jesus que vos abençoe e santifique
com a sua graça!
Cidade do Vaticano, 03 de fevereiro de 2010.
Card.
Cláudio Hummes Arcebispo Emérito de São Paulo Prefeito da Congregação para o
Clero
Mauro Piacenza Arcebispo tit. de Victoriana Secretário